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Capital

Vítima de estupro por enfermeiro comemora pena: "mexeu com a mulher errada"

O homem foi condenado a oito anos e seis meses de prisão pelo crime de estupro de vulnerável

Por Bruna Marques | 08/03/2024 08:25
Vítima de estupro em 2021, época em que crime ocorreu (Foto: Henrique Kawaminami)
Vítima de estupro em 2021, época em que crime ocorreu (Foto: Henrique Kawaminami)

“Queria ver as grades da cadeia batendo nas costas dele, porque mexeu com a mulher errada”. A frase de uma mulher, de 39 anos, estuprada por um enfermeiro do Hospital Regional, em fevereiro de 2021, vem carregada de alívio e sentimento de justiça. O autor foi condenado pela Justiça a oito anos e seis meses de prisão pelo crime, em decisão divulgada nesta quinta-feira (7).

Por telefone, a mulher conversou com o Campo Grande News na manhã desta sexta-feira (8) e afirmou que o Coren (Conselho Regional de Enfermagem de Mato Grosso do Sul) fez pouco caso diante do crime e levou o processo como brincadeira. “Apesar da condenação curta e do Coren ter passado pano para ele, eu tenho uma coisa que chama fé, eu não ia parar. O Coren é uma vergonha, só eu sei o quanto isso me afetou como mulher e pessoa”, disse.

Segundo a vítima, por ser cristã, os conselheiros chegaram a insinuar que ela devia perdoar o enfermeiro. “Eu não perdoo e não pretendo perdoar, ele não merece perdão”, afirmou.

Além da sensação de alívio pela punição, a vítima comemora a vergonha que o homem vai passar. “Ele tinha que ter pegado no mínimo 15 anos de prisão, mas pelo menos agora ele só entra em um hospital como paciente e nunca mais como enfermeiro”.

O enfermeiro foi condenado a oito anos e seis meses referente ao crime de estupro de vulnerável. A pena foi estipulada pela 4ª Vara Criminal de Campo Grande. A sentença foi lida no dia 1º de março, mas só foi divulgada à imprensa ontem pois o processo correu em sigilo.

A mãe da vítima, 59 anos, que lutou durante três anos para ver o estuprador de sua filha preso, também conversou com a reportagem. Ela também acha que a pena para o acusado deveria ter sido maior, mas mesmo assim, ela agradeceu a Deus, que a justiça foi feita.

“Agora fica a perguntar: ‘Como está a equipe do Coren que não me deu crédito?’, para mim foi uma chacota, uma piada o que eles fizeram, eles me ridicularizaram, me humilharam, tentaram passar pano. Deus é implacável na justiça dele, agradeço a ele pela resposta que a juíza deu. Que o Coren engula a seco”, afirmou.

Sobre as acusações de descaso contra o Coren,  a reportagem entrou em contato com o conselho e aguarda posicionamento.

Enfermeiro saindo do Coren após uma das oitivas. (Foto: Marcos Maluf)
Enfermeiro saindo do Coren após uma das oitivas. (Foto: Marcos Maluf)

Condenação - Embora condenado, o profissional de saúde poderá recorrer da decisão, uma vez que já respondia ao processo em liberdade. Em maio de 2023, ele foi absolvido durante audiência de processo disciplinar no Coren (Conselho Regional de Enfermagem). À época dos fatos, a defesa do enfermeiro alegou que só a palavra da vítima não era prova suficiente.

Durante a investigação criminal, os responsáveis pelas apurações dizem ter convicção de que o enfermeiro cometeu agressão sexual contra a paciente de 36 anos, que estava internada com covid-19. A denúncia foi feita pela mãe da vítima, quando a filha ainda estava recebendo tratamento na ala isolada do hospital.

Conforme relatou a paciente, depois de ter passado mal durante a noite do dia 3 de fevereiro, tendo vômito e falta de ar, ela notou quando o profissional de enfermagem começou ir ao quarto dela, durante a madrugada, passou a apertá-la e passar a mão em seu corpo.

Em determinado momento, o profissional de saúde retornou ao leito com “óleo de girassol”, passou nos dedos e começou a abusar da vítima. Mesmo debilitada, a paciente diz ter tentado resistir ao abuso como pôde, pedindo para o homem parar e sair de cima dela, mas ele insistia em passar a mão na virilha da paciente, enquanto pedia para ela “abrir as pernas”.

O homem repetia que queria masturbar a paciente e que não era para ela resistir, se não poderia “dar problema para ele”. Depois de ter alta, a mulher prestou depoimento e foi à Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) para fazer o reconhecimento do agressor. Ainda segundo os autos processuais, ao longo da investigação, foram ouvidas nove testemunhas.

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