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Capital

"Espero a cassação dele", diz mãe de paciente estuprada por enfermeiro no HRMS

Nesta quinta-feira, enfermeiro é julgado em processo disciplinar do Coren (Conselho Regional de Enfermagem)

Dayene Paz e Mariely Barros | 15/12/2022 10:07
Enfermeiro saindo do Coren após uma das oitivas. (Foto: Marcos Maluf)
Enfermeiro saindo do Coren após uma das oitivas. (Foto: Marcos Maluf)

"Espero a cassação dele". Assim descreveu a mãe de uma mulher, de 37 anos, estuprada no HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul), em fevereiro de 2021, quando estava internada com covid-19. O enfermeiro acusado pelo crime responde, além de processo criminal no qual foi indiciado, ao disciplinar do Coren-MS (Conselho Regional de Enfermagem), que decidirá seu futuro profissional nesta quinta-feira (15).

A mãe da vítima aguardava para o início do julgamento e conversou com a reportagem. Ela afirma que o enfermeiro é uma vergonha para outros profissionais. "Ele estar solto é motivo de debochar da justiça. Ele não merece continuar atendendo, é uma vergonha para os outros profissionais ter esse lixo entre o meio deles”.

Hoje, segundo a mãe, a vítima carrega os traumas do abuso, fazendo tratamento com psicólogos e psiquiatras. Com o trauma, desenvolveu alergia e outros problemas de saúde, atualmente saindo da fase de mutilação do corpo. “Minha filha até hoje está muito abalada, só dorme com remédios e não sai à noite. Direto ela tem febre, bolhas aparecem no pescoço e coça muito, é emocional. Ele destruiu um ser humano e por isso eu não estou aqui para me vingar, estou aqui por justiça”, enfatizou.

A mãe complementa que o enfermeiro acusado não poderia estar em uma classe importante para o País. "Hoje eu espero que ele seja excluído de uma classe tão importante do nosso país, que é a enfermagem. Ele está à frente de uma linha de batalha que não terminou, tivemos uma pequena trégua, o pior está por vir. Não é justo que os profissionais passem por essa vergonha", afirma.

Desde que foi indiciado, o Coren-MS abriu procedimento disciplinar para apurar a conduta profissional do enfermeiro. Ele passou por cinco oitivas, quando foram ouvidas testemunhas, sendo a última no dia 14 de setembro, data em que o homem foi interrogado.

Investigação criminal - Os responsáveis pelas apurações dizem ter convicção de que o enfermeiro cometeu agressão sexual contra a paciente, que estava internada com covid-19. A denúncia foi feita pela mãe da vítima, quando a filha ainda estava recebendo tratamento na ala isolada do hospital.

Conforme relatou a paciente, depois de ter passado mal durante a noite do dia 3 de fevereiro, tendo vômito e falta de ar, ela notou quando o profissional de enfermagem começou a ir ao quarto dela, durante a madrugada do dia 4, passou a apertá-la e passar a mão em seu corpo.

Em determinado momento, o suspeito retornou ao leito com “óleo de girassol”, passou nos dedos e começou a abusar da vítima. Mesmo debilitada, a paciente diz ter tentado resistir ao abuso como pôde, pedindo para o homem parar e sair de cima dela, mas ele insistia em passar a mão na virilha da paciente, enquanto pedia para ela “abrir as pernas”. O homem repetia que queria masturbar a paciente e que não era para ela resistir, se não poderia “dar problema para ele”.

Depois de ter alta, a mulher prestou depoimento e foi à Deam para fazer o reconhecimento do agressor. Ainda segundo a delegada, ao longo da investigação, foram ouvidas nove testemunhas. Embora a perícia não tenha encontrado vestígios de sêmen, por exemplo, nas roupas da vítima – o que seria uma prova cabal –, outros elementos corroboraram para a polícia chegar à conclusão das investigações e indiciar o suspeito.

A Deam tentou prender o acusado, mas o pedido foi negado pela Justiça, embora o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) tenha se manifestado favorável à prisão, segundo a delegada Maíra Machado, que tocou a investigação.

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