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Capital

Enfermeiro acusado de estupro no HR é ouvido em processo disciplinar

Enfermeiro foi indiciado criminalmente e processo disciplinar ainda corre no Conselho Regional de Enfermagem

Dayene Paz e Cleber Gellio | 14/09/2022 09:34
Oitiva acontece no Conselho de Enfermagem, em Campo Grande. (Foto: Marcos Maluf)
Oitiva acontece no Conselho de Enfermagem, em Campo Grande. (Foto: Marcos Maluf)

O enfermeiro indiciado por estuprar uma paciente dentro do HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul), em fevereiro de 2021, encara a última oitiva, nesta quarta-feira (14), do procedimento disciplinar do Coren-MS (Conselho Regional de Enfermagem). O caso corre há mais de um ano e sete meses e ainda não teve desfecho.

O advogado da família da vítima, Lauri Farinea, acompanha a oitiva e comentou que houve outras quatro audiências do caso, sendo a de hoje a última do procedimento disciplinar aberto pelo Coren-MS. O advogado do enfermeiro, Matheus Machado Lacerda, afirmou que só vai se manifestar em juízo e não conversou com a imprensa nesta manhã.

"Esse inferno precisa acabar, ele precisa pagar pelo que fez comigo", desabafou a vítima. A mulher, de 36 anos, conversou pela reportagem pelo telefone da mãe, que aguardava em frente ao Coren nesta manhã. "Eu quero Justiça, não estou pedindo a vida dele, eu estou pedindo justiça, que a máscara dele caia", afirmou.

Mensagens enviadas da vítima para a mãe nesta manhã. (Foto: Marcos Maluf)
Mensagens enviadas da vítima para a mãe nesta manhã. (Foto: Marcos Maluf)

Chorando, a mulher disse que vive com medo. "Estou trabalhando aérea, com o coração angustiado e tão apertado. Não vejo a hora de ir embora dessa cidade, vivo com medo de dar de cara com esse desgraçado, vivo angustiada", conta.

O caso ocorreu em 4 de fevereiro de 2021 e a mãe da vítima reclama da demora do processo criminal. O enfermeiro foi indiciado pela Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), em julho do mesmo ano. "Estou muito aflita aguardando, tenho procurado me afastar de algumas coisas, porque minha prioridade é reconstruir o que sobrou da minha filha", pondera.

Investigação criminal - Os responsáveis pelas apurações dizem ter convicção de que o enfermeiro cometeu agressão sexual contra a paciente, que estava internada com covid-19. A denúncia foi feita pela mãe da vítima, quando a filha ainda estava recebendo tratamento na ala isolada do hospital.

Conforme relatou a paciente, depois de ter passado mal durante a noite do dia 3 de fevereiro, tendo vômito e falta de ar, ela notou quando o profissional de enfermagem começou ir ao quarto dela, durante a madrugada do dia 4, passou a apertá-la e passar a mão em seu corpo.

Em determinado momento, o suspeito retornou ao leito com “óleo de girassol”, passou nos dedos e começou a abusar da vítima. Mesmo debilitada, a paciente diz ter tentado resistir ao abuso como pôde, pedindo para o homem parar e sair de cima dela, mas ele insistia em passar a mão na virilha da paciente, enquanto pedia para ela “abrir as pernas”.

O homem repetia que queria masturbar a paciente e que não era para ela resistir, se não poderia “dar problema para ele”. Depois de ter alta, a mulher prestou depoimento e foi à Deam para fazer o reconhecimento do agressor. Ainda segundo a delegada, ao longo da investigação, foram ouvidas nove testemunhas.

Embora a perícia não tenha encontrado vestígios de sêmen, por exemplo, nas roupas da vítima – o que seria uma prova cabal –, outros elementos corroboraram para a polícia chegar à conclusão das investigações e indiciar o suspeito.

A Deam tentou prender o acusado, mas o pedido foi negado pela Justiça, embora o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) tenha se manifestado favorável à prisão, segundo a delegada Maíra Machado, que tocou a investigação.

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