ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, QUINTA  14    CAMPO GRANDE 19º

Capital

Um ano após denúncia de estupro, mãe diz que filha se automutila sem respostas

Enfermeiro responde ao processo em liberdade e caso corre em segredo de Justiça

Dayene Paz | 07/02/2022 14:44
Mãe da vítima quando acompanhou audiência no Coren, em novembro do ano passado. (Foto: Marcos Maluf) 
Mãe da vítima quando acompanhou audiência no Coren, em novembro do ano passado. (Foto: Marcos Maluf)

"Ela tem lutado todos os dias, matando um leão por dia". Este é o relato da mãe da paciente que denunciou um enfermeiro de 51 anos por estupro dentro do Hospital Regional de Mato Grosso do Sul. O caso completou um ano no último dia 4 de fevereiro e o enfermeiro responde ao processo em liberdade.

Para a mãe - que terá o nome preservado para a vítima não ser identificada - foi um ano acompanhando o sofrimento da filha. "Está traumatizada até hoje, vive com medo e se culpa. Essa situação transformou meu dia e o da minha filha", contou ao Campo Grande News. 

A jovem vive entre remédios e a única saída de casa está sendo para a igreja. "Vou entrar na Justiça para conseguir os remédios, que são muito caros, ela está sendo acompanhada por dois psicólogos e um psiquiatra", revelou a mulher.

A mãe disse que a falta de respostas e a soltura do suspeito assola a vida da família. "Parece batata quente nas mãos da Justiça, mas não podemos ficar paradas, não temos nada a esconder", disse, completando que a única audiência que teve do caso ocorreu em novembro, do Coren (Conselho Regional de Enfermagem), que abriu procedimento disciplinar.

O Campo Grande News entrou em contato com o advogado de defesa do enfermeiro, Matheus Machado Lacerda. Ele afirmou que como estratégia de defesa não falará sobre o caso, que corre em segredo de Justiça, mas que o enfermeiro "sentiu muito a situação".

Investigação criminal - O caso ocorreu em 4 de fevereiro de 2021. Os responsáveis pelas apurações dizem ter convicção de que o enfermeiro cometeu agressão sexual contra a paciente de 36 anos, que estava internada com covid-19. A denúncia foi feita pela mãe da vítima, quando a filha ainda estava recebendo tratamento na ala isolada do hospital.

Conforme relatou a paciente, depois de ter passado mal durante a noite do dia 3 de fevereiro, tendo vômito e falta de ar, ela notou quando o profissional de enfermagem começou ir ao quarto dela, durante a madrugada do dia 4, passou a apertá-la e passar a mão em seu corpo.

Em determinado momento, o suspeito retornou ao leito com “óleo de girassol”, passou nos dedos e começou a abusar da vítima. Mesmo debilitada, a paciente diz ter tentado resistir ao abuso como pôde, pedindo para o homem parar e sair de cima dela, mas ele insistia em passar a mão na virilha da paciente, enquanto pedia para ela “abrir as pernas”.

O homem repetia que queria masturbar a paciente e que não era para ela resistir, se não poderia “dar problema para ele”. Depois de ter alta, a mulher prestou depoimento e foi à Deam para fazer o reconhecimento do agressor. Ainda segundo a delegada, ao longo da investigação, foram ouvidas nove testemunhas.

Embora a perícia não tenha encontrado vestígios de sêmen, por exemplo, nas roupas da vítima – o que seria uma prova cabal –, outros elementos corroboraram para a polícia chegar à conclusão das investigações e indiciar o suspeito.

A Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) de Campo Grande concluiu o inquérito em julho do mesmo ano e tentou prender o acusado. O pedido, contudo, foi negado pela Justiça, embora o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) tenha se manifestado favorável à prisão, segundo a delegada Maíra Machado, que tocou a investigação.

Nos siga no Google Notícias