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Capital

Um ano após denúncia de estupro, mãe diz que filha se automutila sem respostas

Enfermeiro responde ao processo em liberdade e caso corre em segredo de Justiça

Dayene Paz | 07/02/2022 14:44
Mãe da vítima quando acompanhou audiência no Coren, em novembro do ano passado. (Foto: Marcos Maluf) 
Mãe da vítima quando acompanhou audiência no Coren, em novembro do ano passado. (Foto: Marcos Maluf)

"Ela tem lutado todos os dias, matando um leão por dia". Este é o relato da mãe da paciente que denunciou um enfermeiro de 51 anos por estupro dentro do Hospital Regional de Mato Grosso do Sul. O caso completou um ano no último dia 4 de fevereiro e o enfermeiro responde ao processo em liberdade.

Para a mãe - que terá o nome preservado para a vítima não ser identificada - foi um ano acompanhando o sofrimento da filha. "Está traumatizada até hoje, vive com medo e se culpa. Essa situação transformou meu dia e o da minha filha", contou ao Campo Grande News. 

A jovem vive entre remédios e a única saída de casa está sendo para a igreja. "Vou entrar na Justiça para conseguir os remédios, que são muito caros, ela está sendo acompanhada por dois psicólogos e um psiquiatra", revelou a mulher.

A mãe disse que a falta de respostas e a soltura do suspeito assola a vida da família. "Parece batata quente nas mãos da Justiça, mas não podemos ficar paradas, não temos nada a esconder", disse, completando que a única audiência que teve do caso ocorreu em novembro, do Coren (Conselho Regional de Enfermagem), que abriu procedimento disciplinar.

O Campo Grande News entrou em contato com o advogado de defesa do enfermeiro, Matheus Machado Lacerda. Ele afirmou que como estratégia de defesa não falará sobre o caso, que corre em segredo de Justiça, mas que o enfermeiro "sentiu muito a situação".

Investigação criminal - O caso ocorreu em 4 de fevereiro de 2021. Os responsáveis pelas apurações dizem ter convicção de que o enfermeiro cometeu agressão sexual contra a paciente de 36 anos, que estava internada com covid-19. A denúncia foi feita pela mãe da vítima, quando a filha ainda estava recebendo tratamento na ala isolada do hospital.

Conforme relatou a paciente, depois de ter passado mal durante a noite do dia 3 de fevereiro, tendo vômito e falta de ar, ela notou quando o profissional de enfermagem começou ir ao quarto dela, durante a madrugada do dia 4, passou a apertá-la e passar a mão em seu corpo.

Em determinado momento, o suspeito retornou ao leito com “óleo de girassol”, passou nos dedos e começou a abusar da vítima. Mesmo debilitada, a paciente diz ter tentado resistir ao abuso como pôde, pedindo para o homem parar e sair de cima dela, mas ele insistia em passar a mão na virilha da paciente, enquanto pedia para ela “abrir as pernas”.

O homem repetia que queria masturbar a paciente e que não era para ela resistir, se não poderia “dar problema para ele”. Depois de ter alta, a mulher prestou depoimento e foi à Deam para fazer o reconhecimento do agressor. Ainda segundo a delegada, ao longo da investigação, foram ouvidas nove testemunhas.

Embora a perícia não tenha encontrado vestígios de sêmen, por exemplo, nas roupas da vítima – o que seria uma prova cabal –, outros elementos corroboraram para a polícia chegar à conclusão das investigações e indiciar o suspeito.

A Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) de Campo Grande concluiu o inquérito em julho do mesmo ano e tentou prender o acusado. O pedido, contudo, foi negado pela Justiça, embora o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) tenha se manifestado favorável à prisão, segundo a delegada Maíra Machado, que tocou a investigação.

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