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Cidades

Celular que liga ex-procurador e JBS foi apreendido pela PF na Lama Asfáltica

Investigação sobre pagamento de propina em MS foi realizada dias antes de delação vir a público

Aline dos Santos | 14/09/2017 08:34
Wesley Batista durante delação premiada da JBS.
Wesley Batista durante delação premiada da JBS.

O aparelho celular, onde um grupo de WhatsApp liga o ex-procurador Marcello Miller à JBS, foi apreendido na quarta fase da operação Lama Asfáltica, batizada de Máquinas de Lama e realizada há quatro meses em Mato Grosso do Sul pela PF (Polícia Federal).

Com a suspeita de que isenções financeiras concedidas pelo governo eram retribuídas com propina, foram cumpridos, no dia 11 de maio, mandados de busca e apreensão em duas unidades da JBS em Campo Grande e na sede, localizada em São Paulo. Dias depois, em 17 de maio, veio à tona a delação dos donos da holding J&F, os irmãos Wesley e Joesley Batista.

De acordo com o blog de Fausto Macedo, o celular de Wesley foi apreendido na quarta fase da Lama Asfáltica e, por meio de compartilhamento de prova, utilizado na operação Tendão de Aquiles. A PF identificou um grupo de WhatsApp do qual fazia parte o então procurador.

Segundo os investigadores, Miller deu orientações aos delatores, inclusive sobre o procedimento relativo a anexos da colaboração.

Reviravolta - Depois de implodir o cenário político, com tentáculos que alcançaram até o presidente Michel Temer (PMDB), a delação de Wesley e Joesley, teve mais um capítulo incendiário na semana passada.

A poucos dias de deixar o cargo, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, informou que abriu procedimento de revisão da delação premiada do grupo. No material entregue, há diálogo entre dois colaboradores, Joesley e Ricardo Saud, sobre suposta atuação de Marcello Miller.

Da conversa, depreende-se que ele estaria auxiliando na confecção de propostas de colaboração para serem fechadas com a Procuradoria-Geral da República. A conduta configuraria, em tese, crime e ato de improbidade administrativa.

As consequências imediatas foram a prisão de Joesley e Saud, que se entregaram à Polícia Federal no domingo (dia 10). Ontem, foi preso Wesley Batista, durante a 2ª fase da Tendão de Aquiles, que recebeu o nome de Acerto de Contas.

Conforme a Polícia Federal, a investigação apura o uso indevido de informações privilegiadas em transações no mercado financeiro ocorridas entre abril e maio de 2017, quando houve a divulgação de informações relacionadas a acordo de colaboração premiada firmado pela JBS e a Procuradoria Geral da República.

Tabelas - A operação Lama Asfáltica, força-tarefa da PF, CGU (Controladoria-Geral da União) e Receita Federal,  apreendeu no ano passado em Mato Grosso do Sul, durante sua segunda fase, tabelas que “batem” com a planilha de propina entregue pela JBS no acordo de delação premiada na Lava Jato.

A convergência de dados e tabelas indicam a preocupação, de ambos os lados, de ter controle dos valores envolvidos nas transações entre a JBS e o governo do Estado.

Quarta fase da operação Lama Asfáltica foi realizada em 11 de maio. (Foto: Marcos Ermínio)
Quarta fase da operação Lama Asfáltica foi realizada em 11 de maio. (Foto: Marcos Ermínio)
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