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Cidades

Fraude eletrônica que deu prejuízo de R$ 180 mil é comum, alerta Polícia

Renan Nucci | 08/08/2014 15:04

O prejuízo de R$ 183 mil sofrido pela empresária Cláudia Queiroz de Almeida serve de alerta para pessoas que realizam operações financeiras via internet. Ele foi vítima do golpe da falsificação de boletos eletrônicos, considerado comum por especialistas em segurança eletrônica e também pela Dedfaz (Delegacia Especializada de Repressão a Crimes de Defraudações e Falsificações), de Campo Grande.

Dona de duas empresas de materiais para construção, sendo uma na Capital e outra em Dourados, Cláudia afirmou que foi pega de surpresa depois de receber cobrança por contas que ela acreditava que já estavam pagas. O prejuízo foi de R$ 183 mil, sem mencionar os cinco dias que as lojas dela ficaram sem os produtos por falta de pagamento, além dos juros de consequentes empréstimos.

Cláudia conta que comprou sacos de cimento e solicitou boletos atualizados através do site oficial da distribuidora, como de costume. Ela afirma que durante o processo, o sistema teria a redirecionado para o site oficial do Banco Itaú, domínio onde efetuou a emissão dos boletos. Em seguida, entre 21 e 24 de julho, pagou todos os documentos. Dias depois, foi informada pela fornecedora sobre os atrasos.

Ao entrar em contato com o banco, descobriu que foi vítima de um golpe. “Eu entrei no site da fornecedora e depois fui levada para página do Itaú, como sempre. Eu emiti os boletos e paguei, mas depois descobri que o dinheiro foi para a conta de terceiros, no Banco Santander. As informações dos boletos estavam perfeitas, porém, o código de barras havia sido alterado de uma maneira quase imperceptível”, relatou ela, fazendo o alerta.

“Eu quero que todos saibam o que aconteceu comigo, para que ninguém mais passe pelo que passei. Agora estou em contato com os bancos atrás de informações sobre os fatos. Até agora ninguém deu muitos detalhes sobre o que aconteceu”, explicou Cláudia, lembrando que será reembolsada em apenas R$ 17 mil dos R$ 183 mil perdidos.

A empresária também reclamou afirmando que o Santander, onde estariam as supostas contas dos fraudadores, não quis passar informações sobre o caso. “Estou desamparada”, disse. Ela alega ainda que foi obrigada a mudar a empresa prestadora de assistência em informática, incluindo todo o sistema de segurança de seus computadores. “Não acho que possa ter sido um vírus”, disse ela acreditando que houve falha dos bancos.

Ícone do navegador mostra certificação do site acessado. (Foto: Reprodução)
Ícone do navegador mostra certificação do site acessado. (Foto: Reprodução)

Bancos – Por meio da assessoria de imprensa, o Santander informou que o caso trata-se de fraude externa, “por meio da instalação de vírus que altera o código de barras e a linha digitável dos boletos, situação que isenta o banco de qualquer responsabilidade”.

Sobre as contas, alegou que irá avaliar os casos: “Com relação às contas cedidas para crédito desses valores, a instituição informa que as mesmas foram abertas seguindo estritamente todas as determinações do Banco Central mas que, ao tomar conhecimento dessas operações irregulares, procederá com o encerramento da conta corrente que recebeu o crédito fraudulento.”

A equipe de reportagem entrou em contato com a Inspetoria de Gerência de Tratamento e Combate à Fraudes Bancárias do Itaú, no entanto, até o fechamento desta reportagem não havia obtido respostas. No entanto, por meio de informação já repassada à empresária, a instituição financeira também relatou que a fraude é resultado de "ação de softwares mal-intencionados".

O IPTE (números que indexam o pagamento) e o código de barras foram redirecionados para contas de terceiros no Santander, e deste modo, segundo o Itaú, não seria possível reaver os valores. A inspetoria afirma que um virus na máquina usada na operação teria provocado a fraude e por isso, o ressarcimento foi negad, já que o banco estaria isento neste caso. A empresária contestou as declarações. “Eu fui lesada por uma falha na segurança deles”, reclamou.

Cuidados – A delegada titular da Dedfaz, Ariene Murad, disse que este tipo de golpe é muito comum e é configurado como crime de estelionato. O internauta precisa estar atento quanto a todos os detalhes das transações, e procurar a polícia quando houver dúvidas. “A internet permite uma série de crimes semelhantes, por isso é preciso muito cuidado. Verifique como está sua máquina e as condições da rede. Isso pode evitar problemas. Quanto antes a polícia for acionada, haverá mais chances de reaver os prejuízos”, explicou.

O especialista em internet e CEO da empresa Jera, Saulo Arruda, lembra que o cidadão precisa manter os sistemas de seus computadores devidamente atualizados. “Antívirus e sistema operacional precisam estar atualizados com frequência, pois os criminosos estão sempre desenvolvendo novas ferramentas”, disse ele lembrando que com alguns procedimentos simples, o cidadão pode escapar dos crimes virtuais.

“É importante verificar quando se é redirecionado para um outro endereço, sempre. Verifiquem o endereço do site, procurando saber se ele é compatível com a empresa. Isso pode ser visto em navegadores mais modernos, por meio do símbolo (geralmente um cadeado - foto) que aparece à esquerda na barra de endereços, antes do endereço do site. Lá está o certificado digital que comprova a legitimidade da página. Se houver suspeita, não prossiga com as operações”, reforçou.

Ele lembra que na maioria dos casos, os criminosos criam páginas falsas, perfeitamente iguais às originais, confundindo o internauta. Outro recursos usado são softwares mal-intencionados que monitoram as atividades das vítimas, podendo estarem instalados nos computadores, ou mesmo circulando na internet. “Estes programas registram tudo o que o usuário faz e principalmente o que ele digita, inclusive as senhas. Através disso, conseguem aplicar golpes”, observou.

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