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Cidades

Genro de ‘chefão do tráfico’ pede para sair da cadeia, mas Justiça nega

MPF foi contra o pedido após descoberta do planejamento de sua fuga

Danielle Valentim | 19/02/2018 10:08
Gerson Palermo foi preso em março pela Polícia Federal. (Foto: André Bittar)
Gerson Palermo foi preso em março pela Polícia Federal. (Foto: André Bittar)

Três alvos da operação da Polícia Federal “All In”, entre eles, Caio Luiz Carloni, de 34 anos, genro de Gerson Palermo, o ‘Chefão do tráfico’ de Mato Grosso do Sul, pediram durante a última audiência, a revogação de suas prisões preventivas. A Justiça Federal acatou a posição do MPF, que foi contra os pedidos, sob a justificativa da descoberta do planejamento de fuga e de que os réus voltariam a delinquir na rua.

Como já noticiado pelo Campo Grande News, Gerson Palermo, que está preso na Máxima de Campo Grande, aparece em gravação da PF (Polícia Federal) arquitetando uma fuga cinematográfica para o genro Caio Luiz Carloni, preso em Santos, litoral paulista, com meia tonelada de cocaína. Palermo é piloto, acumula passagens pela polícia desde 1991 e é apontado como o chefe do tráfico de drogas. O crime mais ousado foi no ano 2000, com o sequestro de um Boeing da Vasp.

Celso Luiz Lopes, de 64 anos, conhecido como “Cowboy” e Milton Motta Júnior, de 44 anos, conhecido como “Boca” também requereram a revogação de suas prisões preventivas. Celso e Caio alegaram que soltos não trazem qualquer prejuízo à ordem pública, uma vez que se encontram presos por condenação em outra ação penal.

Milton complementou o pedido alegando que as principais testemunhas já foram ouvidas, o que preserva o andamento do processo, que já teria cumprido pena suficiente para garantir a execução penal, e que sua liberdade não pode ficar adstrita à índole dos demais envolvidos.

O MPF opinou contrariamente aos pedidos, sob o argumento de que não houve a apresentação de circunstâncias que alterem a decretação da prisão preventiva. Afirmou, também, que, em relação a Caio Luiz Carloni, é necessária a manutenção de sua prisão, uma vez que foi constatado o planejamento de sua fuga, o que obstaria a aplicação da lei penal.

Já Celso Luiz Lopes e Milton Motta Júnior seriam reincidentes e, se soltos, voltariam a delinquir, situação que determina a prisão preventiva com objetivo de resguardar a ordem pública.

O Justiça analisou individualmente os casos e justificou a manutenção das prisões apontando a complexidade da operação, “que envolve 17 denunciados, o que, por si só, torna o feito mais moroso. As circunstâncias fáticas e os requisitos que ensejaram a decretação da prisão persistem [...] Diante do exposto, INDEFIRO os pedidos de revogação apresentados e mantenho a custódia cautelar”.

O magistrado reiterou partes de textos relativa aos acusados como a de “ [...] Caio Luiz Carloni deve ser preso preventivamente, tratando-se de elemento com antecedentes criminais por roubo qualificado, com o emprego de arma de fogo, por duas vezes, em 2002 e em 2006. Foi preso em 27.04.16, quando,a serviço da organização de Palermo, transportava, com destino a Santos/SP, meia tonelada de cocaína”.

Além disso, a justiça pontuou que Caio auxiliava no transporte de drogas e até cedeu seu nome para registros de veículos utilizados pela organização criminosa, por exemplo um caminhão de placa CRY-2401. Mesmo sem ter diálogos gravados, Caio foi citado em conversas de Palermo, que também demonstrava preocupação com sua prisão.

Para manter a prisão de Celso, o Cowboy, a justiça o pontuou como espécie de ‘braço direito’ de Palermo. “Há registros de antecedentes criminais desde o ano 1978, pela prática de contrabando, falsidade, tráfico de entorpecentes, associação para o tráfico e outros delitos. Em 2007, Celso esteve envolvido em tráfico de drogas [...] Condenei Celso Luiz Lopes, juntamente com outros traficantes, em 08.07.96, dentre eles Lucila Morel de Souza, líder da organização, pelo tráfico de 96 quilos de cocaína,a partir da Bolívia (sic)”.

Sobre Milton, a Justiça ressaltou o lugar de destaque na organização e no esquema de tráfico de drogas. Citado como de “confiança” do chefe da organização, Milton organizava os encontros dos integrantes do grupo e transmitia as orientações passadas por Gérson Palermo. Dois dos encontros organizados pelo suspeito ocorreram em 28/07/16 e 26/09/16. O réu tem passagem por receptação e furto qualificado.

A justiça já negou por três vezes pedido de revogação da prisão preventiva de Milton.

Operação - Batizada de All in, a operação cumpriu 50 mandados judiciais, sendo 18 de prisão cautelar, - 17 presos e 1 está foragido -, 25 de busca e apreensão e sete de conduta coercitiva. A operação aconteceu em 14 cidades de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais.

Os bens avaliados em R$ 7,5 milhões foram sequestrados da quadrilha e, em abril de 2017, juiz Odilon de Oliveira, da 3ª Vara da Justiça Federal, autorizou a alienação imediata dos bens, que incluem carros, caminhonetes, motos esportivas, aeronaves, imóveis e aeródromo.

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