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Interior

Advogada de fazendeiro suspeito de matar índio diz que ele vai se apresentar

Viviane Oliveira | 19/02/2013 19:11
O adolescente foi morto com um tiro na cabeça. (Foto: Sidnei Bronka)
O adolescente foi morto com um tiro na cabeça. (Foto: Sidnei Bronka)

O fazendeiro, Orlandino Carneiro Gonçalves, acusado de matar o índio Denilson Barbosa, de 15 anos, no último domingo em Caarapó, disse por meio de sua advogada de defesa Sueli Silva, que vai se apresentar à Polícia Civil nos próximos dias.

De acordo com o delegado responsável pelo caso, Antonio Carlos Videira, a advogada do fazendeiro entrou em contato com a delegacia nesta terça-feira (19) e informou que seu cliente está muito abalado psicologicamente e irá se apresentar assim que melhorar. “Ele está sendo acusado pelos indígenas de ter assassinado o adolescente”, disse o delegado.

O caso - O corpo do adolescente, morto com um tiro na cabeça, foi encontrado no último domingo (17), em uma estrada que separa a aldeia guarani-kaiowá tey´ikue de fazendas existentes na cidade de Caarapó, a cerca de 50 quilômetros de Dourados.

Segundo o coordenador substituto do escritório da Funai (Fundação Nacional do Índio) em Dourados, Vander Aparecido Nishijima, o corpo de Denilson Barbosa foi localizado depois de uma denúncia anônima. Ele disse que a polícia trabalha com a hipótese de que o jovem tenha sido executado.

As informações dão conta de que o adolescente saiu para pescar com o irmão mais novo, de 11 anos, e outro índio, no sábado (16) à tarde.

Aparentemente, os três pretendiam ir a um córrego cuja nascente fica no interior da terra indígena e que cruza algumas fazendas próximas. Ao passarem próximo a um criadouro de peixes, os três foram abordados por homens armados que, segundo os dois índios sobreviventes, atiraram. Na fuga, Denilson teria ficado preso em uma cerca de arame farpado, foi alcançado pelos pistoleiros e agredido.

Revoltados, parentes do adolescente e moradores da aldeia ocuparam a fazenda onde o crime teria ocorrido e enterram o corpo de Denilson. Os índios já reivindicavam a área como território tradicional indígena. O Cimi (Conselho Indigenista Missionário), informou que a comunidade indígena planeja uma série de protestos para chamar a atenção para o assassinato.

Segundo o Cimi, depois de tomar conhecimento do que ocorreu, o pai de Denilson foi até a fazenda procurar o filho, mas o local estava deserto. O corpo foi avistado por um caminhoneiro que passava pela estrada por volta das 5h de domingo.

Cerca de 5 mil índios vivem na Terra Indígena de Caarapó, que mede cerca de 3,5 mil hectares (1 hectare corresponde a 10 mil metros quadrados, aproximadamente as medidas de um campo de futebol oficial). De acordo com o Cimi, desde a criação do território indígena, em 1924, os índios são obrigados a pescar fora de sua reserva, já que não há peixes nas nascentes dos córregos existentes no interior da reserva. Segundo o Cimi, isso tem provocado problemas e conflitos recorrentes.

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