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Alvo do Gaeco, ex-deputado Roberto Razuk já havia sido preso, em 2002 e 2007

Empresário ligado ao jogo do bicho já foi acusado de fraude para empréstimo milionário do Banco do Brasil

Por Helio de Freitas, de Dourados | 25/11/2025 11:07
Alvo do Gaeco, ex-deputado Roberto Razuk já havia sido preso, em 2002 e 2007
Roberto Razuk e a esposa, a ex-prefeita Délia Razuk (Foto: Reprodução)

Preso nesta terça-feira (25) na quarta fase da Operação Successione, o empresário Roberto Razuk, 84, é um dos sobreviventes da velha guarda da jogatina.

RESUMO

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Roberto Razuk, ex-deputado estadual de 84 anos, foi preso na quarta fase da Operação Successione. Com forte atuação na fronteira entre Ponta Porã e Pedro Juan Caballero, ele construiu carreira política em Dourados e foi presidente do Ubiratan Esporte Clube. É casado com a ex-prefeita Délia Razuk. O empresário já havia sido detido em 2002, por fraude em empréstimo bancário, e em 2007, durante a Operação Xeque-Mate. Na atual operação, que investiga organização criminosa ligada ao jogo do bicho, seus filhos Jorge e Rafael também foram presos. O grupo é suspeito de atuar com violência para estabelecer domínio sobre jogos ilegais em Mato Grosso do Sul.

Deputado estadual por dois mandatos (de 1987 a 1995), fez carreira política em Dourados, a 251 km de Campo Grande, e sempre teve forte atuação na linha internacional entre Ponta Porã e Pedro Juan Caballero, onde foi sócio de um cassino, no lado paraguaio.

Na maior cidade do interior de Mato Grosso do Sul, o nome “Razuk” sempre foi sinônimo de respeito por parte de aliados e até dos adversários e de devoção dos empregados e amigos.

Nos anos 80 e até o início dos anos 90, o jogo do bicho corria solto em Dourados. Emissoras de rádio locais transmitiam ao vivo os sorteios do “Galo de Ouro”. Naquele tempo, ninguém via a jogatina como algo ilegal. Em cada esquina havia uma banca para registrar as apostas, ao estilo do “vale o escrito”, prática dos bicheiros cariocas.

Roberto Razuk também ganhou respeito entre os desportistas e cronistas que cobriam o futebol sul-mato-grossense. Por muitos anos ele foi presidente e apoiou financeiramente o Ubiratan Esporte Clube, o “Leão da Fronteira”, três vezes campeão sul-mato-grossense.

Nascido em Campo Grande, em 7 de março de 1941, Roberto Razuk é filho de pais emigrados do Líbano, mas tem origem turca. É casado com a também política Délia Gody Razuk, que foi vereadora e prefeita de Dourados por duas vezes (a primeira em 2011, por quatro meses como interina, e a segunda de 2017 a 2020). Eles são pais do atual deputado estadual Roberto Razuk Filho, o Neno, de Jorge Razuk e Rafael Razuk (os dois últimos também foram presos hoje). Há pelo menos 14 anos, Roberto luta contra o câncer.

Prisões

Em 1995, quando exercia o último ano do segundo mandato de deputado estadual e se preparava para concorrer à reeleição, Roberto Razuk foi acusado de usar de fraude para obter empréstimo milionário (R$ 3,5 milhões em valores da época) do Banco do Brasil para construir um armazém de grãos em Dourados.

Conforme a denúncia do Ministério Público Federal, para obter o empréstimo, Razuk teria oferecido como garantia a Fazenda Nabileque, no município de Ladário. Entretanto, a investigação revelou que a fazenda não existia e que os documentos de propriedade foram fraudados. Na época, se falava em Dourados que a fazenda ficava “no segundo andar”, ou seja, era imaginária.

Em agosto de 2002, Roberto Razuk foi preso pela primeira vez e levado para a penitenciária de segurança máxima de Dourados. Durante o período em que esteve encarcerado, surgiram denúncias de favorecimento, inclusive de que ele saía sozinho do presídio e voltava à hora que bem entendesse.

Em 2003, Roberto Razuk foi condenado a 20 anos de prisão por falsificação de documento público, falsidade ideológica, uso de documento falso, obtenção de financiamento em instituição financeira mediante fraude e aplicação indevida de recurso de financiamento de banco público. A sentença foi assinada pelo então juiz federal Odilon de Oliveira.

Em 2005, Razuk passou a cumprir pena no regime semiaberto. Dois anos depois, em junho de 2007, voltou a ser preso, dessa vez no âmbito da Operação Xeque-Mate, deflagrada pela Polícia Federal para combater o jogo do bicho e a exploração ilegal de máquinas caça-níquel em Mato Grosso do Sul.

A operação teve pelo menos 100 alvos, entre os quais 15 eram policiais civis e militares. Em 2014, o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul anulou as provas e inocentou todos os investigados.

Operação Successione

Roberto Razuk, os dois filhos e outras 17 pessoas tiveram as prisões decretadas na quarta fase da Operação Successione, deflagrada hoje pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado). As ordens de prisão e 27 mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Campo Grande, Corumbá, Dourados, Maracaju e Ponta Porã, e nos estados do Paraná, Goiás e Rio Grande do Sul.

De acordo com o MP, as fases anteriores da Operação Successione revelaram a atuação de uma organização criminosa armada, violenta, que se dedicava à exploração de jogos ilegais, corrupção e demais delitos correlatos, responsável por roubos com emprego de arma de fogo, no contexto de disputa pelo monopólio do jogo do bicho em Campo Grande, em razão do vácuo deixado após a operação Omertà (que desmantelou o esquema controlado pela família Name).

As investigações mostraram que esses integrantes da organização criminosa, inclusive os líderes, atuavam para estabelecer seu domínio no jogo ilegal em Mato Grosso do Sul. O termo italiano “Successione” – que dá nome à operação – é referência à disputa pela sucessão do jogo bicho na Capital após a Operação Omertà.

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