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Interior

Associação cobra medida do Conselho Nacional de Justiça sobre morte de indígena

Articulação dos Povos Indígenas denuncia “histórico de violência” da PMMS contra povos tradicionais

Por Helio de Freitas, de Dourados | 18/09/2024 12:23
Mulher mostra ferimento por bala de borracha em confronto na semana passada (Foto: Foto: Renato Santana/Cimi)
Mulher mostra ferimento por bala de borracha em confronto na semana passada (Foto: Foto: Renato Santana/Cimi)

A Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) cobrou providências do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) sobre o confronto entre policiais militares e indígenas que deixou um jovem morto com tiro na cabeça, na manhã desta quarta-feira (18), no município de Antônio João.

Em ofício ao presidente do CNJ, ministro Luís Roberto Barroso e ao conselheiro João Paulo Schoucair Brasília, presidente do Fórum Nacional do Poder Judiciário para Monitoramento e Efetividade das Demandas Relacionadas aos Povos Indígenas, a Abip denuncia “nítido histórico de violência” da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul contra o Povo Guarani-Kaiowá.

Assinado pelo advogado Mauricio Terena, coordenador jurídico da Apib e representante da entidade em Mato Grosso do Sul, o ofício cita que a conduta das forças de segurança pública é responsável por mais uma tragédia em áreas de retomada.

Policiais militares e indígenas separados por ponte em chamas, na semana passada (Foto: Divulgação)
Policiais militares e indígenas separados por ponte em chamas, na semana passada (Foto: Divulgação)

A Apib questiona também a liminar de “interdito proibitório” concedida pela Justiça Federal para que a Polícia Militar mantenha vigilância na Fazenda Barra, palco da tragédia de hoje e uma das propriedades sobrepostas ao Território Nhanderu Marangatu (cuja demarcação está suspensa pelo Supremo Tribunal Federal).

“A justificativa utilizada pela Polícia Militar é a decisão proferida em Agravo de Instrumento pelo desembargador Antonio Morimoto Junior, em que concede a permanência do policiamento ostensivo na localidade. Entretanto, em nenhum momento há decisão pela reintegração de posse da localidade, o que impede a atuação da força policial em ato truculento ou de despejo coletivo sem o devido respaldo judicial”, diz trecho do ofício da Apib.

A entidade continua: “lamentavelmente, as informações trazidas a este ofício apenas ilustram um cenário que tende ao aprofundamento da violência, o que projeta nas instituições de Estado a responsabilidade por uma ação imediata, enérgica e eficaz contra as arbitrariedades que afrontam os direitos fundamentais dos povos indígenas e impõem um cenário de Estado de Exceção no contexto das disputas pelo território tradicional”.

Por fim, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil solicita adoção das “medidas cabíveis” por parte do Conselho Nacional de Justiça, tendo em vista o aumento da violência contra povos indígenas.

Na sexta-feira (13), a Apib solicitou ao STF (Supremo Tribunal Federal) a suspensão imediata das ações de policiamento ostensivo pela Polícia Militar de MS contra a comunidade indígena Nhanderu Marangatu.

Encaminhada ao ministro Gilmar Mendes, a solicitação também pediu a atuação da Polícia Federal para garantir segurança e integridade física dos indígenas.

“As terras indígenas, nos termos do texto constitucional, são de propriedade da União e destinam-se à posse permanente e ao usufruto exclusivo dos povos indígenas”, argumenta a Apib ao justificar a presença da PF à frente do caso.

A Fazenda Barra, palco do confronto com morte na manhã de hoje, pertence aos pecuaristas Pio Queiroz Silva e Rozeli Ruiz. Eles são pais da advogada Luana Ruiz, assessora especial nomeada na Casa Civil do governo Eduardo Riedel.

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