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Interior

Bebê sofre sem cirurgia, após hospital de SP deixar de atender pessoas de MS

Hospital de Bauru, para onde são encaminhadas esses pacientes,, está sem vagas.

Mirian Machado | 03/09/2017 10:58

Uma bebê de um ano, nascida em aldeia na região de Porto Murtinho, a 431 km de Campo Grande, aguarda para fazer cirurgia de lábios leporinos, sem qualquer previsão de ter a deformidade corrigida. Ela está numa fila de espera. Uma solução seria o Hospital São Julião, mas o local ainda aguarda habilitação para fazer a cirurgia pelo SUS (Sistema Único de Saúde).

O antropólogo Messias Basques morou pouco mais de um ano na aldeia enquanto fazia doutorado e conheceu a família da menina. Na aldeia vivem cerca de 400 famílias. Só na casa da menina, feita de bambu, moram 7 pessoas.

Segundo Messias, que acompanha a criança desde o nascimento, a família é muito humilde, além de não ter como pagar uma cirurgia particular, é muito cara a passagem para ficar indo a médicos. O caso piora porque, além de lábios leporinos, ela tem uma deformidade também no braço e perna direita.

“Ela mora em uma aldeia, lá tem bastante terra e consequentemente muita poeira e isso atrapalha porque entra poeira pela boca e nariz porque ela não consegue fechar”, relata o antropólogo. “O local lá de difícil acesso, não tem internet nem telefone a entrada mais próxima fica a 52 km de Bodoquena”, acrescenta Messias.

Ainda de acordo com o pesquisador, em julho havia pelo menos 60 crianças de todo o Estado a espera da cirurgia. “Não é que ela tenha que passar na frente, não. Ela vive em um contexto com uma família muito carente. Ela está escondida em uma aldeia que ninguém tem informação. A família não sabe nem como alimentar ela direito”, afirmou.

A perigrinação é longa em busca de tratamento. "Primeiro nos falaram que ela precisaria atingir o peso de 4 kg para fazer a cirurgia, depois subiram para 8 kg. Agora ela está com quase 10kg e nos disseram que não podem nos encaminhar por falta de vaga em Bauru", disse.

O problema, segundo Messias, é que o Estado não tem um hospital credenciado para tratar essas crianças pelo SUS e por isso encaminham para Bauru em São Paulo, mas isso tem superlotado o hospital, que suspendeu o atendimento de pessoas de outros estados.

“Agora o problema é que ela está aguardando uma coisa que não tem prazo. O que é grave é que o Estado não tem uma política pública. Isso [lábios leporinos] é uma coisa muito grave, mas muito simples também de resolver”, concluiu.

A deformação no lábio acontece em uma a cada 650 crianças no Brasil e em alguns casos pode ser formado no primeiro trimestre de gestação.

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