"Cidade de bilhões", Ribas contesta Censo e quer provar ter mais 6 mil moradores
“Temos que impugnar porque não reflete nossa realidade habitacional”, diz prefeito
Cidade que cresce a olhos vistos, alavancada pelos bilhões da construção da maior fábrica de celulose em linha única do mundo, Ribas do Rio Pardo vai contestar dados do Censo e quer provar que tem seis mil habitantes a mais do que o coletado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O número de moradores reflete no repasse do FPM (Fundo de Participação dos Municípios), ou seja, queda de população implica em menos dinheiro para as prefeituras. O cálculo é feito pelo TCU (Tribunal de Contas da União).
Divulgada em dezembro, a prévia do Censo 2022 apontou população de 23.085 habitantes em Ribas do Rio Pardo, a 98 km de Campo Grande. No Censo 2010, o resultado foi de 20.946 habitantes, enquanto que a estimativa da população em 2021, indicativo usado na ausência do Censo, era de 25.310 habitantes.
O prefeito de Ribas do Rio Pardo, José Alfredo Danieze (Psol), afirma que a estimativa da administração municipal é de 29 mil habitantes. “Sem contar os trabalhadores alojados, que não contam para efeito do Censo”, diz o gestor.
Ele relata que a administração municipal forneceu suporte para o trabalho do IBGE, com oferta de sala de atendimento, veículo e estadia para os recenseadores. “Temos que impugnar porque não reflete nossa realidade habitacional”, salienta o prefeito.
Conforme divulgado pela CNM (Confederação Nacional dos Municípios), Ribas do Rio Pardo é uma das localidades que terá perda de coeficiente no Fundo de Participação dos Municípios. O coeficiente cai de 1,40 para 1,20. De acordo com o prefeito, ainda não há informação sobre o impacto dessa redução em reais.
A prefeitura vê a população em crescimento e trabalha com a projeção de 33 mil habitantes em 2027.
Além da construção da fábrica de celulose da Suzano, que terá pico de 10 mil trabalhadores numa população flutuante, muitas empresas, principalmente de serviços, chegaram ao município.
No comparativo entre 2020 e 2021 (início da obra), o total de abertura de empresas triplicou. Levantamento da Jucems (Junta Comercial de Mato Grosso do Sul) aponta que houve aumento de 55 para 164.
O crescimento exponencial da atividade elevou em 12 posições o município no ranking de abertura de empresas no Estado: da 21ª posição em 2020 para a 9ª posição em 2021.
Outro termômetro é a expansão imobiliária, com a construção de casas para acomodar os novos habitantes, inclusive com moradias erguidas pelas empresas.
Conforme a Semadesc (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), o impacto da nova fábrica da Suzano vai representar 5% do crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) do Estado.
“Por exemplo, a cidade no início da obra terá 24 mil pessoas, depois quando terminar vai chegar a 34 mil. A própria Suzano vai construir mil casas para os funcionários”, informa o secretário Jaime Verruck, em entrevista ao portal de notícias do governo.
Conforme a Suzano, o Projeto Cerrado receberá investimento total de R$ 19,3 bilhões. Prevista para entrar em operação no segundo semestre de 2024, a nova fábrica vai produzir 2,55 milhões de toneladas de celulose de eucalipto por ano, empregando 3 mil pessoas.