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Interior

Com escolta da PM, famílias deixam casas e invadem área na saída para Caarapó

Após desocuparem residencial do “Minha Casa, Minha Vida”, famílias iniciaram um novo acampamento de sem-teto na saída para Caarapó

Helio de Freitas, de Dourados | 13/05/2015 11:27
Policiais militares ajudam famílias a fazer mudança de casas invadidas em abril (Foto: Eliel Oliveira)
Policiais militares ajudam famílias a fazer mudança de casas invadidas em abril (Foto: Eliel Oliveira)

As famílias que ainda ocupavam casas do residencial Dioclécio Artuzi III em Dourados, a 233 km de Campo Grande, começaram a deixar as moradias por volta de 9h em ônibus e caminhões. Policiais militares mobilizados para cumprir o mandado de reintegração de posse ajudaram os sem-teto a recolher móveis, colchões, eletrodomésticos e roupas.

O comandante do 3º Batalhão da Polícia Militar, tenente-coronel Carlos Silva, informou que a desocupação ocorreu sem incidentes e nenhuma família se negou a deixar as casas. Às 10h30 ele ainda permanecia no residencial acompanhando a saída dos últimos moradores.

“Estamos sendo jogados na rua como lixo. Só queremos uma casa para morar. Não temos para onde ir. Com certeza vamos acampar em outro local”, afirmou um dos porta-vozes do grupo, Diego Alves da Silva.

Novo acampamento – Os invasores ameaçavam acampar na sede da prefeitura ou na Praça Antonio João, mas desistiram da ideia. Assim que deixaram as casas, pelo menos 50 famílias invadiram um terreno localizado na margem da rodovia BR-163, na saída para Caarapó.

Líderes do movimento acreditam que a área seja pública por ficar próxima a outro acampamento de sem-teto, que no ano passado foram despejados de um terreno no Jardim Clímax. Diego afirmou que assim que começaram a montar acampamento uma equipe da Guarda Municipal teria ido ao local e informado que eles não poderão ficar nessa área.

Segundo as pessoas que estão no local, o acampamento deve aumentar nos próximos dias. Famílias que no final de semana tinham saído das casas do residencial Dioclécio Artuzi devem montar acampamento no terreno. Diego da Silva disse que a maioria tinha invadido as casas por não conseguir mais pagar aluguel e não tem onde morar.

O terreno foi a segunda opção dos sem-teto. Ontem à tarde eles tentaram invadir uma área no Distrito Industrial de Dourados, mas foram recebidos a tiros por uma mulher que estava no local, possivelmente funcionária do proprietário. Ninguém ficou ferido, mas a mulher de 49 anos foi presa e liberada após pagar fiança.

Um mês de invasão – As 450 casas da terceira etapa do residencial Dioclécio Artuzi estavam ocupadas desde 11 de abril. Localizadas na margem da MS-156, na região do Jardim Guaicurus, as moradias fazem parte do programa “Minha Casa, Minha Vida”.

Iniciadas em 2013, as obras ainda não tinham sido concluídas pela empresa LC Braga, contratada pela Caixa Econômica Federal para construir as unidades. Agora a empreiteira terá de retomar os serviços para consertar alguns estragos e concluir o acabamento.

As famílias que irão receber as casas foram sorteadas no final do ano passado e selecionadas pela Caixa. A entrega estava prevista para o início do segundo semestre, mas deve atrasar em função da invasão.

Os sem-teto que invadiram as unidades, muito deles com cadastro no setor de habitação da prefeitura, denunciaram que as obras estavam abandonadas e que muitas famílias contempladas não precisam de casa. A prefeitura e a Caixa afirmam que a seleção obedece a critérios definidos pelo Ministério das Cidades.

Despejados de residencial, sem-teto ocupam terreno na saída para Caarapó (Foto: Eliel Oliveira)
Despejados de residencial, sem-teto ocupam terreno na saída para Caarapó (Foto: Eliel Oliveira)
Mudança de famílias que ocupavam casas há um mês foi feita em caminhões e ônibus (Foto: Eliel Oliveira)
Mudança de famílias que ocupavam casas há um mês foi feita em caminhões e ônibus (Foto: Eliel Oliveira)
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