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Interior

Corumbá perde para Ladário 800 casas e quase 4 mil habitantes

Bairro Padre Ernesto Sassida ficou dividido entre a Cidade Branca e Ladário no Censo 2022 do IBGE

Por Jéssica Fernandes | 03/12/2024 12:34
Bairro Padre Ernesto Sassida ficou dividido entre Corumbá e Ladário. (Arte: Lennon Almeida)
Bairro Padre Ernesto Sassida ficou dividido entre Corumbá e Ladário. (Arte: Lennon Almeida)

Corumbá perdeu 800 casas, 10 quadras e aproximadamente quatro mil habitantes para Ladário. O Bairro Padre Ernesto Sassida está no centro desse cenário, que teve início após o censo de 2022 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A pesquisa determinou que uma parte do bairro está situada na Cidade Branca, enquanto a outra fica em Ladário.

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Após o censo de 2022 do IBGE, o bairro Padre Ernesto Sassida, em Mato Grosso do Sul, foi dividido entre Corumbá e Ladário, resultando na perda de aproximadamente 800 casas, 10 quadras e quatro mil habitantes para Corumbá. A divisão, estabelecida entre as Ruas Celestial e Confiança, baseou-se em um georreferenciamento proposto pela Agraer. Corumbá contesta a mudança, alegando que o bairro foi construído com autorizações municipais e que todas as matrículas estão em seu nome, enquanto Ladário afirma não ter recebido notificação formal e que os tributos ainda são recolhidos por Corumbá. A Alems criou uma comissão para definir legalmente os limites entre os municípios.

Para fazer o último censo, o instituto consultou a Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural) que auxiliou propondo o limite georreferenciado que resultou na mudança. Na prática, a divisão entre as cidades ficou estabelecida no bairro entre as Ruas Celestial e Confiança.

À reportagem, o secretário de Desenvolvimento Econômico e Sustentável de Corumbá, Cássio Costa Marques, se manifestou sobre a alteração corroborada no Censo 2022. “O Bairro Ernesto Sassida não é uma área que foi adicionada ao perímetro urbano em Corumbá. Ele é um desmembramento de outros três bairros antigos de Corumbá: Bairro Universitário, Maria Leite e o Industrial”, diz.

Segundo o secretário, o município questionou na época o que foi apresentado pelo instituto. “Quando o IBGE veio com a apresentação das áreas, nós contestamos que eles estavam desmembrando o bairro, dois terços estavam destinando a Ladário”, diz.

Outro ponto defendido pelo secretário é que a implantação do conjunto habitacional Padre Ernesto Sassida, que dá nome ao bairro, foi feita com autorização da Prefeitura de Corumbá. “O que existe documentalmente, todas as matrículas estão no município de Corumbá. O projeto do governo estadual foi aprovado em Corumbá, a licença de construção foi dada em Corumbá”, completa.

O município tenta recuperar a totalidade da área onde está o Bairro Padre Ernesto Sassida. No momento, o tema está nas mãos da Alems (Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul) que criou uma comissão para definir na lei os limites entre ambos os municípios.

"Já foram feitas duas reuniões entre os municípios, mas não evoluiu porque em tese Ladário não quer perder o território, mas ele nunca teve esse território", pontua Cássio Costa Marques.

A Prefeitura de Ladário se manifestou sobre o assunto através da assessoria, que informou que o município ainda não recebeu notificação formal sobre alteração dos limites.

“Até o momento, os possíveis tributos incidentes na região em tela, ainda são recolhidos pelo município de Corumbá. É necessário um alinhamento entre as duas prefeituras para tratar do assunto como maior detalhamento. O que provavelmente ocorrerá apenas nas próximas gestões que iniciarão em 2025”, diz a nota.

O que diz o IBGE - A reportagem procurou o IBGE sobre a alteração que resultou na divisão do bairro. O supervisor de disseminação de informações, Fernando Gallina, explica que o resultado do Censo 2022 foi feito a partir de dados da Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural).

“Quando fazemos o censo somos obrigados a respeitar os limites municipais que são propostos pelas autoridades locais. Então, nesse caso, usamos o limite que era reconhecido pela Agraer, a autoridade estadual que entendia dessa forma”, ressalta.

Antes de o estudo ser publicado, Fernando cita que houve reuniões com ambas as prefeituras onde foi apresentado os limites que seriam usados.

“Corumbá e Ladário tiveram conhecimento desses limites. No caso de Ladário foi lembrado que tinha essa questão do Ernesto Sassida. Corumbá estava ciente dessa divisão e eles estavam pleiteando uma adequação dessa divisão com o governo do Estado e Assembleia”, completa.

Em relação à divisão estabelecida nas ruas, Fernando esclarece que o ajuste foi necessário para não "cortar" uma casa ao meio. "Quando fomos fazer o censo não podemos cortar uma casa ao meio porque o domicílio é uma unidade única, projetamos um pouco mais pra frente para que a divisão ficasse na rua. Pela interpretação da lei corroborada pela Agraer há sim um pedaço que é de Ladário", conclui.

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