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Capital

Pacientes reclamam da demora para distribuir remédio após 8 meses em falta

Diosmin, utilizado para tratamento de hemorroidas e varizes, volta a ficar disponível na farmácia

Por Gabriela Couto e Geniffer Valeriano | 03/12/2024 18:40
Pacientes aguardaram por horas em fila improvisada próxima à farmácia do CEM (Foto: Paulo Francis)
Pacientes aguardaram por horas em fila improvisada próxima à farmácia do CEM (Foto: Paulo Francis)

Campo-grandenses que precisam utilizar Diosmin para o tratamento de hemorroidas e varizes afirmam que estão há mais de oito meses buscando o medicamento no CEM (Centro de Especialidades Médicas), em vão. No entanto, nos últimos dias, o remédio chegou ao único local em que é distribuído na Capital e os pacientes só ficaram sabendo por meio do ‘boca-a-boca’. O resultado foi uma longa fila de espera para conseguir retirar os comprimidos da farmácia, nesta terça-feira (3).

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Pacientes em Campo Grande esperaram horas em fila para obter Diosmin, medicamento para tratamento de hemorroidas e varizes, no Centro de Especialidades Médicas (CEM). A medicação, distribuída apenas neste local, ficou indisponível por mais de oito meses, sendo o reabastecimento recente divulgado apenas por boca-a-boca, causando grande aglomeração. Usuários reclamaram da falta de comunicação oficial sobre a chegada do remédio e do novo sistema de senhas eletrônicas, que aumentou o tempo de espera. A prefeitura de Campo Grande foi procurada para comentar sobre a situação, mas ainda não se manifestou.

Um dos que aguardavam há mais duas horas e meia na fila era Valdeci Queiroz, 36 anos. Ele faz tratamento vascular após um acidente no Exército. Estava com uma receita da medicação com a data de 22 de agosto deste ano.

“Vim porque achei que ia ser rápido. Mas estou aguardando até agora. Está um absurdo. Uns já desistiram e outros continuam aguardando. Eu vou continuar aqui, porque não sabemos quando eles vão repor de novo”, justificou.

Valdeci Queiroz ficou mais de 2h30 para conseguir o remédio, após meses de espera (Foto: Paulo Francis)
Valdeci Queiroz ficou mais de 2h30 para conseguir o remédio, após meses de espera (Foto: Paulo Francis)

Ele ficou sabendo do reabastecimento do por meio de um conhecido, que conseguiu o remédio e o avisou. “Não consegui comprar. Uma caixa com 30 comprimidos está R$ 120. Estou há três meses sem tomar”.

O aposentado, Luiz Conceição, 71 anos, chegou ao CEM por volta do meio-dia. Ele tinha que passar por outro atendimento no CEM e por isso pegou a senha 14h. O número era 511. “Vou ficar aqui até conseguir pegar o remédio. Se não pegar hoje, não pega amanhã. Eles nem avisaram quanto remédio foi reposto. Não sabemos se podemos pegar outro dia. É uma safadeza”, lamentou.

Seu Luiz também reclamou do novo painel eletrônico com senhas. “Antes não era por senha, era por ordem de chegada. Era rapidinho, demorava só 10 minutos e hoje não imaginava que ia ficar mais de 2h esperando”.

O sapateiro Paulo reclamou também do sistema de painel eletrônico no CEM (Foto: Paulo Francis)
O sapateiro Paulo reclamou também do sistema de painel eletrônico no CEM (Foto: Paulo Francis)

O sapateiro, Paulo Pereira, 52 anos, foi buscar o remédio para a mãe de 73 anos. “A gente teve que comprar a medicação, porque não pode ficar sem. Mas acaba pesando na compra do mês”. Ele foi outro que não gostou do painel de senhas. “Antes era mais rápido. Com esse painel de senha às vezes para, porque está falhando, aí fica uns 15 a 20 minutos sem chamar ninguém. Eu estou com a senha 585 e já vi que tem gente com senha acima dos 600”.

A aposentada que só quis se identificar como Nelci, 76 anos, chegou ao CEM às 14h e estava com a senha 545. Ela decidiu ir embora às 16h44 sem pegar o remédio porque estava cansada de esperar. “Eu uso para circulação e fui avisada por uma amiga que o remédio tinha chegado no CEM. Mas não dá para esperar mais”, disse ao ir embora.

A dona de casa Rita Judithe da Silva, 59 anos, foi buscar a medicação para a sobrinha que iria iniciar o tratamento com o Diosmin. “Cheguei às 14h e só consegui sair com o remédio depois das 16h30”.

Depois de horas, dona Rita conseguiu levar uma caixa de Diosmin para a sobrinha (Foto: Paulo Francis)
Depois de horas, dona Rita conseguiu levar uma caixa de Diosmin para a sobrinha (Foto: Paulo Francis)

Já o motorista Marcelo Tadeu, 55 anos, afirmou que foi em busca da medicação para ele, a irmã e para a sogra. “Antes eles informavam no postinho se tinha ou não o remédio e de um tempo para cá eles mudaram o sistema e não temos mais a informação no postinho. Eu tinha que sair do meu bairro Porto Belo para saber se tinha remédio aqui no CEM. Aí passaram um telefone. Mas eu ligo, ninguém atende ou dá desligado”, reclama.

Ele ficou sabendo da nova remessa na farmácia neste fim de semana. “Vazou a informação de que tinha chegado. Eu vim porque preciso tomar para minhas varizes. Estou há mais de um ano aguardando a cirurgia com um especialista e nada.  Nesse meio tempo que estava faltando no CEM, eu já renovei a receita três vezes”.

Para que serve? – De acordo com o médico clínico geral, cardiologista e geriatra, Eduardo Ouriques, o Diosmin é um excelente remédio para circulação. Os pacientes que sofrem de hemorroida e varizes de membros inferiores utilizam a medicação como vasodilatador.

“Serve para ativar circulação periférica, evita inchaço e o formigamento na perna”, explica. No entanto, não há risco de vida para pacientes que suspenderem o medicamento. Apenas o desconforto clínico.

Resposta – A Prefeitura de Campo Grande foi questionada sobre as reclamações dos pacientes entrevistados pela equipe de reportagem na tarde hoje. Mas até o momento não houve uma resposta sobre a situação. O espaço segue aberto.

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