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Interior

Depois de ação judicial e tragédia, Coronel Sapucaia agora tem delegado

Aline dos Santos | 15/05/2014 12:17
Ocorrido no dia 2, incêndio que matou seis pessoas pode ter sido criminoso. (Foto: Marizete Espíndola)
Ocorrido no dia 2, incêndio que matou seis pessoas pode ter sido criminoso. (Foto: Marizete Espíndola)

A 400 km de Campo Grande, na fronteira com o Paraguai e com um currículo que já ostentou o título de cidade mais violenta do País, Coronel Sapucaia ganhou um delegado. O Diário Oficial do Estado de hoje trouxe a designação de Leandro Costa de Lacerda Azevedo como delegado titular do município.

O posto estava vago há mais de um ano. A situação foi denunciada pelo MPE (Ministério Público Estadual) à Justiça. Na ação civil pública, também foi cobrado reforço no efetivo da Polícia Civil e da PM (Polícia Militar) para pôr fim a “esdrúxulo quadro de servidores”.

“É importante que tenha o complemento. O delegado, naturalmente, não faz o trabalho sozinho”, afirma Leandro Azevedo. Até então adjunto na delegacia de Amambai, ele já atuava na investigação de um incêndio com seis mortes, ocorrido em Coronel Sapucaia no dia 2 de maio.

Advogado em Campo Grande, ele ingressou no cargo no último concurso, que abriu vagas para delegados no interior. O mesmo processo de seleção havia designado outro aprovado para a cidade fronteiriça. Mas, conforme o titular da Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública), Wantuir Jacini, o delegado desistiu após visitar Coronel Sapucaia. A expectativa é reforçar o efetivo com aprovados de concursos que ainda estão em fase de formação.

Nas últimas semanas, a rotina policial tem sido agitada na cidade. Além da possibilidade de o incêndio ter sido criminoso, foi registrado assassinato de um homem de 25 anos. O crime foi em uma boate.

Graças a Deus - Para o novo titular, é preciso superar a cultura do medo. “As pessoas costumam ter medo de depor. Existe um receio por causa do Paraguai. Têm medo de se expor, sofrer represálias”, afirma o delegado. Em 2008, Coronel Sapucaia recebeu o título de cidade mais violenta do País, de acordo com o estudo Mapa da Violência divulgado pelo Ministério da Justiça.

A nomeação do delegado foi recebida com alívio pela prefeita Nilceia Alves de Souza (PR). “Graças a Deus”, disse. Ela relata que a ação do Ministério Público foi movida após uma audiência pública para ouvir a população.

O MPE cobra quadro de um delegado, um papiloscopista, dois escrivães e, no mínimo, quatro investigadores. Para a PM, deverão ser 12 policiais. A cidade tem 14.607 habitantes.

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