Em 12 dias, polícia apreende 3º caminhão dos Correios levando contrabando
Carga de eletrônicos disfarçada entre encomendas legais foi descoberta hoje na BR-463
Pela terceira vez em menos de duas semanas, caminhão oficial da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos foi apreendido transportando contrabando na fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai.
A polícia suspeita que o esquema tem envolvimento direto de servidores da empresa pública, pois os três caminhões foram carregados na loja oficial dos Correios em Ponta Porã, cidade a 323 km de Campo Grande, na linha internacional com o Paraguai.
Na manhã desta terça-feira (4), policiais rodoviários federais pararam outro caminhão dos Correios que seguia pela BR-463 e encontraram sete paletes com eletrônicos, celulares, produtos de informática e equipamentos e essências para narguilé.
A apreensão ocorreu no posto Capey, entre Ponta Porã e Dourados. O motorista afirmou aos policiais que o caminhão foi carregado no pátio da loja oficial dos Correios e negou qualquer envolvimento no contrabando.
Ele disse que é rotina os motoristas deixarem os caminhões na loja para serem carregados. Depois, os condutores assumem o volante e levam as mercadorias, inicialmente para Campo Grande. Assim como ocorreu nas outras duas apreensões, o caminhão será encaminhado para a Delegacia da Receita Federal em Ponta Porã.
A primeira das três apreensões ocorreu no dia 22 de abril. O caminhão levava pelo menos R$ 4 milhões em contrabando, principalmente notebooks Del, MacBook Air e drones, além de celulares e equipamentos da marca chinesa Xiaomi, como o Mi TV Stick, capaz de transformar qualquer aparelho de TV em smart.
Na sexta-feira (30), os policiais rodoviários da delegacia da PRF em Dourados – responsável pelo policiamento na BR-463 – pegaram outro caminhão dos Correios lotado de contrabando. A carga era formada basicamente por celulares, notebooks, tabletes, além de medicamentos e suplementos vitamínicos.
Em nota à imprensa divulgada no dia da primeira apreensão, a assessoria dos Correios informou que a empresa mantém “estreita parceria” com os órgãos de segurança pública e de fiscalização para prevenir o tráfico de itens proibidos, contrabando ou descaminho por meio do serviço postal.
“Os empregados atuam de forma diligente visando identificar postagens cujo conteúdo esteja em desacordo com a legislação. Quando algum objeto com conteúdo proibido ou ilícito é detectado, os Correios acionam os órgãos competentes, neste caso a Receita Federal do Brasil”, afirmou a nota.
A empresa também ressaltou que possui métodos de monitoramento que são aprimorados, periodicamente, "com base em informações apresentadas pelos órgãos de segurança e de fiscalização".
Entretanto, a empresa não fez qualquer menção à suspeita de envolvimento direto de servidores com o esquema. Além disso, o Campo Grande News apurou que nestes três casos recentes não houve informação que tenha partido dos “métodos de monitoramento” adotados pelos Correios. As cargas foram descobertas exclusivamente pelos policiais rodoviários federais.