Empresário condenado por escândalo no DNIT é preso por organizar bloqueio
José Carlos Rozin foi preso por policiais federais hoje cedo em sua casa em Dourados
O empresário José Carlos Rozin foi o único preso na segunda fase da Operação Unlock, deflagrada pela Polícia Federal nesta sexta-feira (20) em Dourados, a 251 km de Campo Grande. Fontes ligadas ao Poder Judiciário confirmaram que ele foi preso e passa por audiência de custódia nesta tarde.
Sócio de uma empresa de terraplanagem e outra de engenharia, Rozin é acusado de organizar e financiar o bloqueio do Trevo da Bandeira, no dia 18 de novembro do ano passado, em protesto contra a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e para defender golpe militar no País.
O Campo Grande News apurou que o empresário foi preso após a investigação mostrar que ele financiou o protesto daquele dia. Pneus foram levados por homens encapuzados em uma carreta até o Trevo da Bandeira (BR-163 com BR-463), colocados em forma de barricada na pista e incendiados.
Fiat Uno que passava pelo trevo ficou totalmente carbonizado após o condutor cruzar o bloqueio em chamas. O carro chegou a rodar alguns metros, mas parou de funcionar e foi consumido pelas chamas. O condutor não sofreu ferimentos.
Duas horas antes do bloqueio, José Carlos Rozin fez postagem em grupo de WhatsApp informando que já estava no Trevo da Bandeira e que naquele momento era o único manifestante no local.
Denominado “Dourados MS-BR-163”, o grupo reúne apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro descontentes com o resultado da eleição. O grupo que estava acampado em frente ao quartel do Exército na Avenida Guaicurus planejava bloquear o trevo, mas o incidente causado pelos pneus em chama esvaziou o movimento.
No dia 20 de novembro, quando foi desencadeada a primeira fase da operação, o empresário foi alvo de buscas feitas pela PF por ordem da Justiça Federal.
Naquele dia, agentes da PF e policiais rodoviários federais também cumpriram mandados de busca na casa do caminhoneiro André França da Silva, 39, no Jardim Márcia. Proprietário da carreta bitrem usada para levar os pneus ao bloqueio, ele foi preso no distrito de Itahum.
Condenado – Em maio de 2022, José Carlos Rozin foi um dos condenados no processo que apurou desvio de R$ 34,7 milhões (valores atualizados) no DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte) de 2002 a 2006. Ele pegou pena de seis anos, quatro meses e 24 dias, mas permanece em liberdade.
O principal réu no caso, o ex-supervisor do DNIT em Dourados Carlos Roberto Milhorim, foi condenado a 36 anos, dois meses e 20 dias de prisão.
Fábio Fischer, juiz da 2ª Vara Federal em Dourados, condenou Milhorim por corrupção passiva e peculato. Também determinou a perda de um apartamento no edifício Ilhas Gregas, no centro de Dourados.
Outros condenados no mesmo processo foram os empresários Francisco Roberto Berno (11 anos, 2 meses e 12 dias), Renato Machado Pereira (6 anos, 4 meses e 24 dias) e Solange Regina de Souza (4 anos, 5 meses e 10 dias).