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Interior

Ex-candidato a governador e mais 9 são presos em área reivindicada por indígenas

Grupo guarani-kaiowá estava na área para impedir a construção de um condomínio de luxo desde quinta-feira

Ana Paula Chuva e Helio de Freitas, de Dourados | 08/04/2023 08:56
Parte dos indígenas presos nesta manhã chegando na Depac. (Foto: Adilson Domingos)
Parte dos indígenas presos nesta manhã chegando na Depac. (Foto: Adilson Domingos)

O ex-candidato ao governo de Mato Grosso do Sul, Magno Souza, e mais nove indígenas guarani-kaiowá foram presos por equipes da Força Tática e do Batalhão de Choque da Polícia Militar na manhã deste sábado (8). O grupo ocupava um terreno em Dourados, cidade a 251 quilômetros de Campo Grande, na tentativa de impedir a construção de um condomínio de luxo.

Conforme apurou o Campo Grande News, a retirada do grupo foi feita sem mandado de reintegração de posse e, na tarde de sexta-feira (7), um funcionário da construtora responsável pela obra foi até o local, mas acabou sendo expulso pelos indígenas. Ele então teria procurado a Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário da cidade, onde registrou um boletim de ocorrência.

Cerca de 20 indígenas estavam no local desde a tarde de quinta-feira (6). Com os presos foram apreendidos rojões, armas artesanais, facas e um colete balístico. Eles foram levados para a Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) de Dourados, onde devem ser ouvidos.

Equipe da Polícia Militar no local onde os indígenas foram presos. (Foto: Adilson Domingos)
Equipe da Polícia Militar no local onde os indígenas foram presos. (Foto: Adilson Domingos)

Construtora – No dia 14 de março, o Ministério Público Federal pediu informações à Corpal Incorporadora e Construtora. O motivo foi porque a “comunidade está preocupada com existência de uma obra em execução na área reivindicada como tradicional indígena”.

Oficialmente, a Reserva de Dourados foi criada em 1917 com 3.600 hectares. Entretanto, os indígenas afirmam que na época as áreas ocupadas por seus antepassados eram bem maiores e chegavam à barranca do Rio Brilhante.

Com a ampliação do perímetro urbano de Dourados em 2011, sítios e chácaras passaram a dar lugar a condomínios fechados de alto padrão. Atualmente, fica ali o metro quadrado mais caro da segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul.

Ao Campo Grande News a Corpal Incorporadora informou que paralisou totalmente as obras no dia 29 de março, "após tomar conhecimento da requisição de informações encaminhada pelo Ministério Público Federal". A empresa também afirmou que fará todos os esclarecimentos para resolver as questões levantadas pelo órgão.

"Desde a aquisição, todas as ações relacionadas ao terreno em questão seguem rigorosamente as legislações em vigor e que possui todas as autorizações e licenças exigidas pelos órgãos responsáveis para a construção do empreendimento. Destacamos, também, que mantemos contato permanente e diálogo aberto com representantes das comunidades indígenas residentes em áreas no entorno de seu empreendimento", disse em nota.

O Cimi (Conselho Indigenista Missionário) confirmou a prisão dos 10 indígenas e a PM (Polícia Militar) alegou que a equipe estava a caminho do local, mas não tem informações sobre o que teria ocorrido na área por enquanto.

*Matéria editada para acréscimo de respostas.

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