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Interior

Expulsa de casa há 3 meses, sitiante cobra juiz sobre despejo de índios

Proprietária de um dos sítios ocupados por índios em março deste ano em Dourados protesta contra demora no cumprimento da reintegração de posse determinada no dia 11 de abril

Helio de Freitas, de Dourados | 03/06/2016 08:55
Índios acampados em sítio próximo à reserva de Dourados (Foto: Eliel Oliveira)
Índios acampados em sítio próximo à reserva de Dourados (Foto: Eliel Oliveira)

No domingo, dia 5 de junho, faz três meses que índios começaram a ocupar sítios localizados na região norte da cidade de Dourados, nos arredores da reserva dos guarani-kaiowá e terena. Barracos foram montados próximos às casas, cercas foram cortadas e lavouras queimadas. As áreas ocupadas ficam a menos de 10 km do centro da segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul.

Três meses depois, cinco propriedades continuam invadidas e os sitiantes protestam contra a lentidão da Justiça Federal em fazer cumprir a reintegração de posse, expedida no dia 11 de abril pelo juiz federal Jânio Roberto dos Santos.

Expulsa de casa – Mesmo acampados nos fundos das propriedades, os índios não invadiram as casas e quase todos os moradores permanecem nas áreas. Vanilda Alves Valintim é a exceção. Temendo pela vida do marido e dos filhos pequenos quando começou a invasão na madrugada de 5 de março, ela deixou a residência e nunca mais conseguiu voltar. Há 90 dias mora na casa da mãe, em Dourados.

“A reintegração saiu no dia 11 de abril e já se passaram muitos dias além do prazo dado pelo juiz para os índios desocuparem nossas propriedades. Aí pergunto ao senhor juiz: qual a dificuldade em assinar uma ordem para que os policiais façam a remoção dos cidadãos indígenas daquilo que é nosso? A cada dia aumentam os barracos em nossas terras”, afirma Vanilda ao Campo Grande News.

“Sabemos que não são índios desaldeados. São todos índios daqui da reserva e redondezas, gente que tem casa, carro, serviço fixo, amparados por políticos. Eu perdi minha casa, minha renda. O que mais aguarda o nosso juiz para retirar esse povo e nos devolver o que é nosso de direito por lei?”, questiona a proprietária.

"Pistoleiros" – A sitiante protesta contra o Cimi (Conselho Indigenista Missionário) e diz que o órgão vinculado à igreja católica deturpa a verdade através de vídeos “mal feitos e maquiados” divulgados no Youtube e transforma os proprietários rurais em “pistoleiros” e “assassinos”.

“São vídeos com conteúdos mentirosos. Até matéria saiu em jornais estrangeiros deturpando a verdadeira situação dos povos indígenas aqui de Dourados e região, sem nos dar chance de defesa. Aqui são cinco sítios ocupados, mas em todo o Estado de MS são 106 propriedades invadidas e nenhuma providência é tomada”, protesta Vanilda Valintim.

Ela também critica o MPF (Ministério Público Federal), que segundo a sitiante “nada fez” para apurar a denúncia dos próprios caciques da reserva de Dourados de que as invasões foram orquestradas por políticos e ONGs (organizações não governamentais). “Simplesmente se calaram”, afirmou.

“Meu apelo é para que se resolva o mais breve possível esse impasse. Preciso voltar a ter esperança de que o Brasil de fato caminha para um novo progresso e não para o retrocesso”, disse Vanilda Valintim.

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