Hospital de Sidrolândia perde ambulância por dívida trabalhista
Além de outros processos com ameaça de mais penhoras, instituição sofre com falta de médicos

Para pagar uma dívida trabalhista, o único hospital geral que atende pelo SUS (Sistema Único de Saúde) em Sidrolândia, teve uma ambulância penhorada. Isso significa que o veículo foi oferecido como pagamento e os pacientes não poderão mais contar com ele.
RESUMO
Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!
O Hospital Beneficente Dona Elmíria Silvério Barbosa, único em Sidrolândia a atender pelo SUS, teve uma ambulância penhorada para pagar uma dívida trabalhista de R$ 148.171,23 a um ex-técnico de enfermagem. A dívida inclui adicional de insalubridade e horas extras não pagas. A penhora foi autorizada pelo TRT/MS, pois a ambulância não foi comprada com verba pública. O hospital enfrenta cerca de 15 ações trabalhistas, principalmente por insalubridade durante a pandemia de Covid-19. A perda da ambulância, avaliada em R$ 195 mil, agrava a situação do hospital, que já lida com falta de médicos e documentos desaparecidos, dificultando sua defesa em processos.
Apesar de impactar uma cidade inteira, a medida atende a decisão do TRT/MS (Tribunal Regional do Trabalho de Mato Grosso do Sul) que beneficia um técnico de enfermagem desligado em 2023 pela instituição, o Hospital Beneficente Dona Elmíria Silvério Barbosa.
O ex-funcionário conseguiu judicialmente a indenização de R$ 148.171,23.
Ela corresponde ao pagamento de adicional de insalubridade em grau máximo (referente a 40% do salário mínimo da época trabalhada), hora extra por sobreaviso (quando o profissional pode ser chamado fora de seu horário trabalho) e hora extra por excesso de jornada, além de ter feito intervalos mais curtos do que 1 hora durante o expediente.
Insalubridade e covid-19 - Advogado que representa o Elmíria Silvério Barbosa, Wellison Muchiutti explica que o processo trabalhista é uma entre cerca de 15 ações movidas contra o hospital, reclamando principalmente o pagamento de insalubridade em grau máximo pelo trabalho feito na época da pandemia de covid-19.
A maioria foi apresentada entre 2021 e 2022. Segundo o Wellison, a antiga gestão do hospital não pagou os 40% em adicional, que é reivindicado.
"Nesse caso do bloqueio da ambulância, foi feita perícia e confirmada a insalubridade grau máximo para o caso específico, e que não houve pagamento de sobreaviso", afirmou.
A penhora foi possível porque o veículo não foi adquirido com verba pública, ele também explica. Embora atenda pelo SUS, o hospital é filantrópico e recebe recursos de outras fontes.
Fará falta - O atual diretor do hospital, Jacob Breure, lamenta a perda da ambulância, que é do tipo UTI (Unidade de Terapia Intensiva), transporta pacientes com quadros delicados ou que correm risco de morte.
Sobraram três: duas também tipo UTI e outra convencional. Os veículos são essenciais para atender os moradores da cidade, que somam 49.374 segundo a última estimativa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Jacob afirmou que a quarta ambulância fará falta.
A penhorada é do ano 2019, mas ainda estava em boas condições. Ela foi avaliada em R$ 195 mil.
"Interpretação do juiz foi amarga. Pois tem causa com [concessão de] 20% de insalubridade e essa foi de 40%", disse o diretor.
O Campo Grande News questionou a assessoria de imprensa do TRT/MS sobre o impacto da decisão, mas não houve retorno até o fechamento desta matéria.
Hospital em dificuldade - Ainda de acordo com Wellison, o hospital tem dívidas trabalhistas e por erro médico acumuladas desde 2010, pelo menos. Só um dos autores pede R$ 1 milhão em indenização.
Para piorar, enfrenta dificuldade em se defender nesses e em outros processos por ter "perdido" documentos.
"Sumiram com todas as documentações de dentro do hospital. Esse já é um processo que tramita inclusive na Justiça estadual, pois não houve a prestação de contas até a gestão de 2020. Isso dificultou também a defesa, em que pese a perícia ter confirmado que documentos do hospital foram apagados do sistema ou foram consumidos", relata o advogado.
Jacob acrescenta outro problema, que é a falta de médicos especialistas. Segundo ele, apenas 10% das gestantes conseguem ser atendidas na cidade, por causa disso. As demais são encaminhadas para Campo Grande em ambulâncias. Essas pacientes acabam sobrecarregando ainda mais as maternidades da Capital.
Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.