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Interior

Índios invadem mais 2 fazendas em Japorã e ateiam fogo em uma delas

Bruno Chaves | 27/10/2013 11:16
Objetos revirados e destruídos em uma das fazendas invadidas pelos índios.
Objetos revirados e destruídos em uma das fazendas invadidas pelos índios.
Restos de comida e objetos ao chão na cozinha de uma das fazendas, em Japorã
Restos de comida e objetos ao chão na cozinha de uma das fazendas, em Japorã

Mais duas fazendas da região de Japorã – a 487 quilômetros de Campo Grande – foram invadidas pelos índios da etnia Guarani-Kaiowá entre a noite de ontem (26) e a manhã deste domingo (27). Em uma das propriedades, a família fugiu as pressas da sede e acabou se perdendo no matagal. Na outra, os indígenas atearam fogo na casa e destruíram móveis e objetos.

Segundo o presidente do Sindicato Rural de Iguatemi, Hilário Parisi, o clima em toda a região está tenso. “É uma indignação tremenda. Sensação de impunidade. Eles entraram nas fazendas e não deixam os produtores nem retirar o gado e nem entrar no pasto para tratar dos animais. Todos estão saindo fugidos”, contou.

Hilário contou que o grupo indígena invadiu a Fazenda Pedra Branca por volta das 22h de ontem. “Na fuga, a família entrou no mato e se dispersou. Foi necessário ajuda da polícia para encontrá-los”. Já neste domingo, por volta das 9h30, foi a vez da Fazenda São José sofrer com os atentados indígenas, já que a sede foi incendiada.

“Eles invadiram a fazenda e bateram em duas crianças, filhas de um funcionário. Colocaram fogo na casa principal e destruíram tudo. O grupo ainda está armado com espingardas”, denuncia Itamar Vargo, proprietário da Fazenda São José.

O produtor ainda relatou que não teve a oportunidade de retirar o gado da área. Ele contou que chegou a carregar quatro caminhões com os animais, mas o comboio não conseguiu sair da área a tempo. “Ainda ficaram 600 cabeças no pasto, que precisam ser carregadas”.

Com as invasões das últimas horas, o número de propriedades ocupadas pelos Guaranis-Kaiowá chega a 14, conforme Hilário. Apenas a Fazenda São Jorge resiste a ocupação, pois um pequeno grupo de policiais federais permanece no local.

“O contingente da polícia é pequeno. Estamos em contato com a secretária Tereza Cristina [Seprotur - Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agrário, da Produção, da Indústria, do Comércio e do Turismo] para que mais policiais federais de outras partes do Estado venham para cá. Ela está nos ajudando nessa intermediação”, diz.

Indígenas – Os indígenas da etnia Guarani-Kaiowa reivindicam há 10 anos a demarcação da área de 9,460 mil hectares, que fica próxima ao Rio Iguatemi, em Japorã. A Aldeia Porto Lindo, que fica ao lado da região das fazendas, possui cerca de cinco mil indígenas.

A invasão das propriedades começou há bastante tempo e até já houve conflito entre produtores e indígenas há 10 anos.

Ontem, a Polícia Federal de Naviraí foi até as propriedades para evitar que qualquer tipo de violência. Os agentes irão permanecer na região por cerca de 10 dias.

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