Mecânico espancou filhos e vítimas antes de colocar fogo e matar seis
O mecânico Edson da Silva, 34 anos, mostrou passo a passo, ontem, como provocou o incêndio na conveniência que matou seis pessoas da família dele, entre elas três crianças, em Coronel Sapucaia, a 400 quilômetros de Campo Grande, no dia 2 de maio. Segundo as informações da Polícia, Edson confessou que cometeu o crime depois de brigar com a esposa por causa de ciúmes. Antes de atear fogo no estabelecimento, Edson usou um pedaço de madeira para golpear as vítimas na cabeça. Ele foi preso na terça-feira (10), na casa de uma irmã em Naviraí.
O fogo destruiu o estabelecimento e matou a proprietária, Rosângela dos Santos, 53 anos, e os dois filhos dela, Alessandro dos Santos, 18 anos, e Vanusa dos Santos, 27 anos, que era esposa de Edson. Também morreram os filhos de Vanusa: Tiago, 10 anos, Sabrina, 5 anos, e Estephanie, 9 meses. Os dois menores eram filhos do mecânico.
Segundo o perito criminal Amilcar da Serra e Silva Netto, Edson contou que por volta das 2h da manhã do dia do crime deu uma paulada na cabeça de Vanusa após discussão por causa de ciúmes. A sogra, Rosângela e o cunhado Alejandro, acordaram com a confusão e foram até o quarto do casal ver o que havia acontecido. Nesse momento, eles também foram golpeados. Edson disse que o cunhado foi agredido por duas vezes, uma no braço e outra na cabeça. Os três desmaiaram.
Depois disso, ele arrastou a sogra e o cunhado para um dos quartos, foi até o cômodo onde estavam as crianças e golpeou primeiro o menino de 10 anos e depois os outros dois filhos deles. Ele então colocou a mulher e as crianças no banheiro e ficou perambulando pela casa, quando ouviu a criança mais velha dizer “tio não me mate”. Ele voltou no banheiro e deu mais uma paulada na cabeça das duas crianças mais velhas.
Edson então foi até o quintal tirou a gasolina da moto dele e despejou nos cômodos e nas paredes onde estavam os corpos. “Ele saiu na rua para ver se tinha alguém e encontrou uma vizinha foi quando, para criar um álibi, disse que estava indo trabalhar”, diz o perito. Depois de despistar a mulher, Edson voltou para a casa e usando um isqueiro ateou fogo por volta das 7h.
Ele deixou a casa toda fechada e foi trabalhar. “As vítimas estavam vivas e não fugiram porque estavam desmaiadas. Elas morreram asfixiadas por monóxido de Carbono”, explica Amilcar. Ainda conforme o perito, o fogo demorou por cerca de 1h até se alastrar e chamar atenção da vizinhança.
Em depoimento à Polícia, logo após o incêndio, Edson levantou suspeita contra o cunhado Alejandro. Ele contou que na hora do incêndio, uma colega de Alejandro estava vendo o fogo e ligou no celular do rapaz. Segundo o que revelou Edson, Alejandro atendeu ao telefone, mas não falou nada e muito menos pediu socorro. Ele ainda relatou que o jovem não se dava bem com a família e já havia tentado suicídio.
Porém com o passar do tempo, as investigações foram avançando e as suspeitas recaíram sobre Edson. “Ele não demonstrava nenhuma preocupação com o caso e a confirmação veio depois que um dos laudos apontou de que o incêndio era criminoso e não acidental”, afirma o perito.
O perito disse que durante a reprodução, centenas de pessoas acompanharam e estavam muito revoltadas com o crime. “Nós tivemos que acelerar um pouco porque os moradores estavam exaltados”, diz Amilcar. A Polícia de Coronel Sapucaia pediu reforço para que a reconstituição do local fosse feita com segurança.
O delegado responsável pela investigação, Leandro Costa de Lacerda Azevedo, marcou para amanhã uma coletiva de imprensa para divulgar o resultado das investigações.