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Interior

Ministro da Educação vem a MS na 2ª para inaugurar hospital sem equipamentos

Unidade da Mulher e da Criança do HU não tem previsão de quando vai funcionar

Helio de Freitas, de Dourados | 05/03/2021 06:35
Prédio da Unidade da Mulher da Criança, no HU de Dourados (Foto: Franz Mendes/Divulgação)
Prédio da Unidade da Mulher da Criança, no HU de Dourados (Foto: Franz Mendes/Divulgação)

O ministro da Educação cumpre agenda segunda-feira (8) em Mato Grosso do Sul. Antes de entregar 164 ônibus escolares em Campo Grande às 15h, no estacionamento do Parque das Nações Indígenas, Milton Ribeiro vem a Dourados, a 233 km da Capital.

Na segunda maior cidade do Estado, o ministro do Governo Bolsonaro vai entregar a UMC (Unidade da Mulher e da Criança), construída anexo ao HU-UFGD (Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados).

Com 6.370,68 metros quadrados, a maior estrutura materno-infantil de MS foi projetada para ofertar mais qualidade no acolhimento a gestantes, evitar superlotações e permitir residências em enfermagem obstétrica e saúde materno-infantil. Custou R$ 51 milhões para o cofre público, mas ainda não tem data para funcionar de fato.

O Campo Grande News apura a história há uma semana. Ontem, a reportagem conseguiu a confirmação: Milton Ribeiro vem a Dourados apenas para entregar o prédio e que não há qualquer equipamento instalado no local.

“Será uma agenda meramente política, que na prática não vai resultar, pelo menos de imediato, em qualquer melhoria no atendimento a crianças e gestantes”, afirmou uma fonte dentro do Hospital Universitário, localizado na região oeste de Dourados.

Há uma semana a reportagem tenta obter informações do HU-UFGD sobre o funcionamento da Unidade da Mulher e da Criança. Dois e-mails com perguntas sobre os equipamentos e previsão de ativação foram enviadas para a assessoria de imprensa do hospital. Os dois foram ignorados.

A reportagem apurou que a superintendência do HU e a reitoria da UFGD estão em atrito por causa da inauguração do prédio. A direção do hospital não concorda com a “agenda política”, pois não há previsão para a compra dos equipamentos. O reitor temporário Lino Sanabria decidiu levar a agenda em frente.

Obra concluída – Ontem, a assessoria de imprensa da UFGD confirmou a vinda do ministro para o evento que marca o recebimento da obra concluída. Sobre os aparelhos, a assessoria informou que as tratativas para equipar o hospital já começaram, “mas ainda não foram adquiridos todos os equipamentos necessários para o atendimento a que se destina o prédio”.

Milton Ribeiro estará no Hospital Universitário de Dourados das 9h às 11h. Conforme a assessoria, como se trata de ambiente hospitalar e levando em conta a pandemia de covid-19, a imprensa não será convidada. Contando autoridades e equipe de trabalho, o número de pessoas que pode entrar recinto já estaria “no limite”.

Lino Sanabria (à esquerda) com o ministro Milton Ribeiro (Foto: Arquivo)
Lino Sanabria (à esquerda) com o ministro Milton Ribeiro (Foto: Arquivo)

Alinhamento – A vinda do ministro a Dourados ocorre exatamente um mês após Milton Ribeiro trocar o comando da UFGD e colocar no posto o segundo reitor temporário em um ano e meio de Governo Bolsonaro. No dia 8 de fevereiro, ele destituiu do cargo a Mirlene Ferreira Macedo Damazio e nomeou o professor do curso de matemática Lino Sanabria.

Parte da comunidade acadêmica protestou contra o Governo Bolsonaro por nomear o segundo reitor temporário ao arrepio de decisão da Justiça Federal, que já reconheceu a legalidade da eleição interna da universidade, feita em março de 2019. Desde junho de 2019, quando Mirlene foi nomeada, o reitor eleito Etienne Biasotto (vencedor da eleição interna) trava batalha na Justiça para conseguir tomar posse.

Mirlene perdeu o cargo após se negar a ceder servidores para compor a equipe do atual prefeito de Dourados Alan Guedes (PP). Quatro dias antes à nomeação de Lino Sanabria, o prefeito havia reclamado das medidas tomadas pela então reitora em audiência com o ministro, em Brasília.

Poucos dias após a nomeação, Sanabria revogou as portarias assinadas por Mirlene e autorizou a cedência de três servidores efetivos da UFGD para compor a equipe do prefeito.

O hospital – A primeira etapa do hospital prevê ativação de 55 leitos (o que não vai ocorrer agora). Na segunda etapa serão ofertados mais 80 leitos distribuídos entre as UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) Pediátrica e Neonatal, Unidades de Cuidados Intermediários, além de estruturas de apoio, como Banco de Leite Humano, Ambulatório Segmento Recém-Nascido.

Os recursos para construção do prédio e compra de equipamentos foram viabilizados pelo atual secretário estadual de Saúde Geraldo Resende, quando exercia mandato de deputado federal. Ele chama a unidade de "Hospital da Mulher e da Criança", promessa política de Geraldo à população de Dourados, sua base eleitoral.

A reportagem apurou que a então reitora Mirlene Damazio garantiu a Geraldo que os equipamentos adquiridos com os R$ 10 milhões viabilizados por ele “já estariam chegando” e que outros seriam remanejados do HU para a UMC.

O Campo Grande News perguntou ontem à universidade se existe possibilidade de a maternidade do HU ser transferida para o prédio novo. Segundo a assessoria de imprensa, essa medida ainda está “sendo discutida”.

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