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Interior

Moradores de Terenos reagem à prisão do prefeito com vergonha e medo

População relata constrangimento, cobra saúde e espera justiça após operação do Gaeco

Por Kamila Alcântara e Bruna Marques | 09/09/2025 13:39
Moradores de Terenos reagem à prisão do prefeito com vergonha e medo
Policial militar e do Gaeco entram no prédio da Prefeitura de Terenos para buscas (Foto: Henrique Kawaminami)

A prisão do prefeito de Terenos, Eduardo Henrique Wancura Budke (PSDB), durante a Operação Spotless nesta terça-feira (9), repercutiu entre moradores do município de pouco mais de 20 mil habitantes. Entre surpresa e descrença, os relatos apontam sensação de vergonha, preocupação com serviços básicos e expectativa de que a Justiça dê uma resposta.

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O prefeito de Terenos (MS), Eduardo Henrique Wancura Budke (PSDB), foi preso durante a Operação Spotless, deflagrada pelo Gaeco e Gecoc. A ação investiga esquema de fraudes em contratos da prefeitura que somam R$ 15 milhões, envolvendo simulação de concorrência em licitações e pagamento de propina. A prisão gerou reações diversas entre os moradores do município de 20 mil habitantes. Enquanto alguns expressam vergonha e preocupação com serviços básicos como saúde e educação, outros pedem que a Justiça apure os fatos e responsabilize os envolvidos caso as acusações sejam comprovadas.

O empresário Celso Campaia, morador há 30 anos na cidade, avaliou que a situação expõe Terenos de forma negativa. “Essa questão é uma falta de respeito ao cidadão de Terenos. O povo o colocou lá porque tinha mérito. Há dois anos o Ministério Público está investigando. Então, daqui para frente, ninguém sabe o que vai acontecer. O município continua. As autoridades é que têm de se reunir e decidir o que fazer de melhor.”

Já o motorista Edenir Neto, de 30 anos, que mora há seis meses em Terenos depois de sair de Aquidauana, disse que as conversas giram em torno de um desvio de dinheiro. “O povo fala que tá um desvio de dinheiro, não tem dinheiro pra saúde e nem educação. Pra nós é uma vergonha. O boato é que ele comprou fazenda com apoio das empresas e era dinheiro que tinha que investir pra nós.”

O agricultor Valter Aparecido, 55 anos, nascido e criado em Terenos, destacou a necessidade de responsabilização. “Se ele deve, tem que pagar, tem que ser responsabilizado. Bonito não é! Eu não acho que vai mudar muita coisa porque aí assume o vice. Sempre falta médico na parte da saúde; quando precisa de especialistas, a gente vai pra Campo Grande.”

Para o ruralista Júlio Morais, que vive há 20 anos no município, a Justiça precisa dar a palavra final. “Se ele fez por merecer, tem que ser preso. A verdade tem que ser exposta. Se fez errado, tem que pagar; se não fez, ele vai reverter. Que ele possa provar.”

Caso - A Operação Spotless foi deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) e pelo Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção). Foram expedidos 16 mandados de prisão, entre eles contra o prefeito Eduardo Budke, empresários e servidores, acusados de participação em esquema de fraudes em contratos da Prefeitura de Terenos que somam R$ 15 milhões.

Segundo o Ministério Público de Mato Grosso do Sul, o grupo simulava concorrência em licitações, direcionava editais e pagava propina a servidores para acelerar pagamentos e legitimar serviços não executados. As provas desta fase surgiram da análise de celulares apreendidos na Operação Velatus, deflagrada em 2024, que já havia apontado fraudes semelhantes.

No ano passado, o MPC-MS (Ministério Público de Contas) conseguiu no TCE-MS (Tribunal de Contas do Estado) a suspensão de contratos da prefeitura por indícios de irregularidades. A gestão municipal chegou a anunciar sindicâncias para apurar responsabilidades, mas os contratos continuaram alvo de investigação.

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