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Interior

Mortos no maior presídio do Paraguai foram apunhalados e apedrejados

Autopsia confirmou que três dos seis mortos foram decapitados; motim foi liderado pelo Clã Rotela

Helio de Freitas, de Dourados | 17/02/2021 09:36
Viatura dos bombeiros deixa presídio de Tacumbú carregando corpos de presos (Foto: ABC Color)
Viatura dos bombeiros deixa presídio de Tacumbú carregando corpos de presos (Foto: ABC Color)

Os seis presos mortos durante motim ontem (16) no maior presídio do Paraguai foram apunhalados e apedrejados. O relato foi feito por um dos bombeiros que trabalharam no controle de incêndio após o fim da rebelião. Alfredo Chiovetta disse à imprensa paraguaia que os próprios presos arrastaram os corpos até o local de onde foram removidos.

Ao entrarem para controlar o fogo provocado pelos presos, os bombeiros presenciaram uma das vítimas sendo apunhada e apedrejada no chão. “Apunhalavam e gritavam, vimos até arma de fogo”, afirmou Chiovetta.

Ontem havia informação de que quatro presos tinham sido decapitados, mas a autopsia confirmou que foram três que tiveram a cabeça separada do corpo. Vídeo feito pelos presos mostrou um dos amotinados com facão cravado num crânio, exibindo como troféu.

Localizado na capital Asunción, o presídio de Tacumbú abriga bandidos de todas as regiões do país vizinho, inclusive narcotraficantes da fronteira do Paraguai com Mato Grosso do Sul.

A cadeia já foi dominada pelo PCC (Primeiro Comando da Capital), mas a facção brasileira perdeu força para o grupo rival conhecido como Clã Rotela, formado por microtraficantes presentes nas maiores cidades do Paraguai.

Hoje (17) foi divulgada lista atualizada com os nomes das vítimas da rebelião. Os mortos foram identificados como Carlos Raul Casco Rojas, 25, Fernando Ortiz Echeverría, 27, Julio César González Cáceres, 40, Julio César Shareamm Barrios, 31, Roberto Ríos, 54, e Alcides Ramón González, 26.

A ministra da Justiça Cecília Pérez, que esteve no presídio para negociar o fim da rebelião a pedido dos presos, descartou participação do PCC no motim. Segundo ela, a revolta ocorreu por problemas internos entre grupos rivais, principalmente o Clã Rotela.

Cecília Pérez também descartou que a rebelião tenha sido motivada pelas medidas implementadas por ela frente ao Ministério, como por exemplo a transferência de líderes da cadeia para outras unidades, para impedir fugas. Ao sair do local, ela defendeu a demolição da cadeia.

O presídio de Tacumbú é famoso pela corrupção de seus diretores e funcionários. Em 2017, o governo paraguaio descobriu que o traficante sul-mato-grossense Jarvis Gimenes Pavão havia transformado a cela em apartamento de luxo, com TV, ar condicionado, frigobar, sala de reuniões e cama king size.

Extraditado no final de 2018 após cumprir pena de 9 anos por tráfico de drogas e lavagem de dinheiro no Paraguai, Pavão está atualmente no presídio federal de Brasília. A quadrilha comandada por ele continua atuando no tráfico de drogas na linha entre Pedro Juan Caballero e Ponta Porã (MS).

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