Paraguai é condenado em Corte internacional por morte de jornalista
Santiago Leguizamón foi executado a tiros no centro de Pedro Juan Caballero em abril de 1991
A Corte Interamericana de Direitos Humanos condenou o Paraguai pelo assassinato do jornalista Santiago Leguizamón, ocorrido em 26 de abril de 1991 no centro de Pedro Juan Caballero, na fronteira com Mato Grosso do Sul.
Nesta sexta-feira (16), o órgão internacional deu sua sentença 15 anos após instalar processo contra o Estado paraguaio por omissão, negligência e cumplicidade com o crime organizado que ordenou a morte de Leguizamón.
Na defesa que apresentou na Corte IDH, o governo paraguaio alegou que não pode mais investigar o caso, porque o crime já prescreveu.
Para a Corte Interamericana de Direitos Humanos, que tem sede em San José (Costa Rica), o Estado paraguaio é responsável pela violação do direito à vida, à liberdade de pensamento e dos direitos e garantias judiciais.
Como punição, o Paraguai terá de adotar série de medidas para proteger a vida de jornalistas que atuam naquele país e definir uma forma de reparação pela morte de Santiago.
O Paraguai também terá de publicar a sentença em seu Diário Oficial e em suas contas de redes sociais, bem como nas páginas digitais de instituições como ministério, Congresso Nacional e Corte Suprema de Justiça.
Outra medida que terá de ser tomada pelo Paraguai é a criação de um fundo destinado a financiar programas de prevenção, proteção e assistência jurídica a jornalistas, vítimas de violência pelo exercício da profissão. Também terá de garantir proteção a jornalistas ameaçados.
Leguizamón foi executado com 21 tiros em Pedro Juan Caballero, cidade separada por uma rua de Ponta Porã (a 312 km de Campo Grande). Ele foi morto menos de um mês depois de publicar reportagens sobre o crime organizado na fronteira.
Em março de 1991, como correspondente do jornal diário “Noticias”, Santiago Leguizamón ajudou a elaborar série de reportagens investigativas apontando cumplicidade de integrantes do governo paraguaio com os “barões” do tráfico de drogas, da lavagem de dinheiro, do contrabando de soja e do roubo de veículos. Na época, o país era governado pelo general Andrés Rodríguez.
As reportagens citavam como um dos principais chefões do narcotráfico na região o empresário Fahd Jamil, conhecido do lado paraguaio da fronteira como “El Turco”.