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Interior

Peças gigantes atravessam oceano e vão seguir por 120 dias de estrada até MS

Projeto da Arauco avança com operação logística no Porto de Paranaguá e mobiliza cargas rumo à futura fábrica

Por Jhefferson Gamarra | 30/12/2025 17:50


RESUMO

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O Projeto Sucuriu, da multinacional chilena Arauco, enfrenta um dos mais complexos desafios logísticos do Brasil com o transporte de equipamentos superdimensionados. Após 52 dias de viagem marítima da China, as peças iniciaram uma jornada de 120 dias por rodovias brasileiras, partindo do Porto de Paranaguá até Inocência (MS). Entre os equipamentos está o separador de topo de digestor, com 62 toneladas e dimensões equivalentes a um prédio de dois andares. O projeto, com investimento de R$ 25 bilhões, resultará na maior fábrica de celulose em linha única do mundo, com capacidade de 3,5 milhões de toneladas anuais e previsão de conclusão em 2027.

Peças gigantes que cruzaram oceanos agora enfrentam um dos mais complexos deslocamentos terrestres já realizados no Brasil. O Projeto Sucuriu, da multinacional chilena Arauco, que está sendo construída em Inocência, a 331 quilômetros de Campo Grande, alcançou mais um marco logístico com o desembarque de equipamentos superdimensionados no Porto de Paranaguá, no Paraná.

Após 52 dias de transporte marítimo, as cargas vindas da China iniciam uma longa jornada por rodovias brasileiras, que pode levar até 120 dias até o canteiro de obras, a cerca de mil quilômetros de distância do local de desembarque.

Entre os itens descarregados estão os separadores de topo de digestor, considerados alguns dos maiores e mais complexos equipamentos previstos no cronograma da obra. Com 62 toneladas, 6,6 metros de altura (o equivalente a um prédio de dois andares) e aproximadamente 10 metros de comprimento, tamanho semelhante ao de um ônibus, as peças simbolizam a magnitude e os desafios técnicos envolvidos na logística do empreendimento. A operação no terminal paranaense exigiu planejamento detalhado, engenharia especializada e integração entre diferentes equipes e modais de transporte.

“São peças extradimensionais que precisam de um desenho dedicado para o içamento de cada uma delas por excederem medidas de largura, comprimento, altura e peso principalmente. Na TCP somos reconhecidos como uma plataforma logística completa, realizando operações especiais de carga-projeto desenhado para cada cliente. A nossa equipe especializada conta com experiência para fazer a operação de forma segura e atendendo a necessidade do cliente. E por isso que estamos participando desse projeto com os gigantes Arauco e Valmet”, explicou Fábio Henrique Matos, gerente de operações logísticas do terminal de contêineres de Paranaguá.

O recebimento dessas estruturas no Porto de Paranaguá integra um processo logístico global que envolve os modais marítimo, rodoviário e, eventualmente, ferroviário. Cada etapa requer cuidados rigorosos com definição de rotas especiais, obtenção de licenças e apoio de órgãos públicos, como a Polícia Rodoviária Federal e o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes).

Coordenada pela finlandesa Valmet, responsável pelo fornecimento de tecnologia, automação e equipamentos industriais, a logística do Projeto Sucuriu está entre as maiores já realizadas no país. Ao longo de todo o cronograma da obra, a movimentação pode envolver mais de 60 mil carretas. Apenas na fase inicial, mais de 4 mil veículos já circulam pelas estradas, número que deve chegar a 12 mil até junho do próximo ano.

Grande parte dos equipamentos utilizados na construção da nova fábrica de celulose é importada de 18 países, incluindo China, Alemanha, Finlândia, Índia e Japão. Isso exige cronogramas complexos de transporte marítimo antes da etapa terrestre até Inocência.

“Os equipamentos empregados no processo são de alta tecnologia. Esse em particular é o separador de topo, um componente essencial do digestor dentro do processo de produção de celulose. Cada unidade possui cerca de 62 toneladas e mais de 10 metros de comprimento, exigindo operações de manuseio extremamente precisas. Fabricados na China, seguem agora para o projeto Sucuriu, reforçando a importância de uma logística segura e garantindo a entrega com qualidade e confiabilidade para o nosso cliente final”, afirmou Thiago Brandalize, gerente de projetos da linha de fibras da Valmet.


No transporte rodoviário, os desafios se multiplicam. As cargas percorrem rodovias estaduais e federais, passando por áreas urbanas e trechos de infraestrutura sensível, o que demanda autorizações especiais, escoltas e, em alguns casos, intervenções pontuais, como reforço de pontes e retirada temporária de sinalização.

Entre os equipamentos que mais chamam a atenção está o Balão da Caldeira, com 28 metros de comprimento, seção de 3 por 3 metros e peso superior a 500 toneladas. Esse tipo de carga trafega com escolta especial e velocidade controlada, que pode chegar a apenas 20 km/h em determinados trechos, evidenciando a complexidade da operação.

As rotas marítimas do projeto estão divididas em dois eixos estratégicos: o Porto de Santos, em São Paulo, por onde chegam equipamentos de grandes dimensões como o Balão da Caldeira, e o Porto de Paranaguá, responsável por receber a maior parte das cargas especializadas destinadas ao empreendimento.

Mais do que um desafio logístico, o Projeto Sucuriu representa um marco industrial para o país. Com investimento superior a R$ 25 bilhões, a unidade será, quando concluída, a maior fábrica de celulose em linha única do mundo, com capacidade produtiva de 3,5 milhões de toneladas por ano e previsão de entrada em operação até o final de 2027. Durante a construção, o projeto deve gerar mais de 14 mil empregos e, na fase operacional, cerca de 6 mil postos de trabalho diretos e indiretos, impulsionando a economia regional.

Conforme o site Perfil News, com cronogramas mensais de entrega que podem alcançar até 400 cargas entre janeiro e maio do próximo ano, a logística do Projeto Sucuriu seguirá testando os limites técnicos e operacionais de equipes nacionais e internacionais, enquanto o Brasil consolida sua posição de destaque no mercado global de celulose.