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Interior

Pintados para guerra, índios vão falar com ministro para evitar mais mortes

Paula Maciulevicius e Aliny Mary Dias de Sidrolândia | 05/06/2013 10:20
“Pode vir a Polícia que for não vamos sair daqui”, manifestaram os terena. (Foto: Cleber Gellio)
“Pode vir a Polícia que for não vamos sair daqui”, manifestaram os terena. (Foto: Cleber Gellio)

Com os rostos pintados, 25 lideranças indígenas deixaram a fazenda Buriti rumo a Campo Grande para conversar com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.

Eles saíram da aldeia Buriti e se concentraram na sede da Funai (Fundação Nacional do Índio) em Sidrolândia, onde passaram a pintar os rostos para a “guerra”. De lá as lideranças seguem em caminhonetes da Funai para a Base Aérea.

Conforme apuração do Campo Grande News, eles dizem que vão conversar senão mais gente vai morrer. “Pode vir a Polícia que for não vamos sair daqui”, se manifestaram.

Na manhã de hoje cerca de 50 homens da Força Nacional desembarcaram na Capital junto do ministro da Justiça. O envio da tropa é um pedido do governador André Puccinelli (PMDB), diante do vencimento do prazo para a reintegração de posse da fazenda Buriti a favor do proprietário, o ex-deputado Ricardo Bacha.

O sentimento dos terena é de revolta pela chegada da tropa federal. “Ficamos revoltados porque não somos bandidos”, fala o cacique Antônio Aparecido, da aldeia Córrego do Meio. Lideranças indígenas se reuniram na fazenda Buriti para definir o que seria conversado com o Governo Federal. O momento continua de tensão.

A trama ganhou um novo capítulo nesta terça-feira, quando o terena Joziel Gabriel, de 34 anos, foi baleado em Sidrolândia. O tiro atingiu o ombro e a bala está alojada na coluna. Joziel é primo de Oziel Gabriel, morto na última quinta-feira durante confronto com a Polícia Federal e PM, durante reintegração de posse da fazenda Buriti.

Há mais de duas semanas Mato Grosso do Sul enfrenta uma onda de invasões de terra e tensão. Cansados de esperar por uma posição do governo federal, os terena decidiram pela "retomada" de áreas que já foram consideradas indígenas em 2001, mas não avançam no processo de demarcação por conta de recursos judiciais dos fazendeiros que contestam laudos antropológicos da Funai.

Hoje, o maior conflito ocorre em Sidrolândia, onde na quinta-feira passada Oziel Gabriel, de 35 anos, foi morto. Nesta quarta-feira vence prazo de 48 horas para que o grupo que acampou na fazenda Buriti deixe a área, de acordo com ordem de reintegração de posse da Justiça Federal.

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