Racha na maior facção criminosa do Continente deixa Paraguai em alerta
Subchefe do Departamento de Crime Organizado disse que país monitora guerra interna do PCC
O Paraguai está em alerta por causa do suposto racha no comando do PCC (Primeiro Comando da Capital). Fundado em presídios paulistas no início dos anos 2000, o grupo se tornou a maior facção criminosa da América do Sul e está presente nas principais penitenciárias paraguaias.
Nesta terça-feira (26), em entrevista à rádio ABC Cardinal, o subchefe do Departamento de Crime Organizado da Polícia Nacional admitiu que a suposta guerra interna pelo controle da facção preocupa o país que tem 500 km de fronteira com Mato Grosso do Sul.
O comissário Pedro Lesme disse que alertas emitidos por autoridades brasileiras indicam risco de violência dentro dos presídios como reflexo da briga interna. Segundo ele, os informes apontam possível ruptura na cúpula máxima do PCC, chamada de “Sintonia Final”.
Três dos principais líderes da facção teriam exigido a expulsão do chefe máximo do Primeiro Comando, Marcos Willians Herbas Camacho, o “Marcola”. Segundo o comissário paraguaio, “Marcola” teria agido para prejudicar o número 2 da facção, Roberto Soriano, o “Tiriça”. Em função dessa interferência, Roberto foi condenado a 31 anos de reclusão, em 2023.
Outros dois membros da “Sintonia Final” – Ariel Pacheco de Andrade, o “Vida Loka”, e Wanderson Nilton de Paula Lima, o “Andinho” – ficaram do lado de Roberto Soriano e contra “Marcola”.
Segundo a polícia de São Paulo, liderados por Soriano, os rivais de “Marcola” teriam fundado nova facção, dissidente do PCC, a PCP (Primeiro Comando Puro), e estariam negociando aliança com o maior rival do Primeiro Comando da Capital, o CV (Comando Vermelho).
Segundo o comissário Pedro Lesme, no Paraguai existem pelo menos 800 detentos ligados ao PCC. Uma possível guerra interna da facção teria repercussão direta na segurança das cadeias do país vizinho.
Além da atuação dentro dos presídios, o Primeiro Comando da Capital controla as principais rotas do tráfico de drogas e de armas na fronteira seca com Mato Grosso do Sul.
Há 8 anos, após a execução cinematográfica do chefão do tráfico Jorge Rafaat Toumani, o PCC trava guerra com outras facções e com grupos locais pelo controle do crime organizado na linha internacional entre Pedro Juan Caballero e Ponta Porã.
Nos últimos meses, as duas cidades vivem um raro e surpreendente clima de tranquilidade. As execuções em plena luz do dia e corpos mutilados jogados em locais ermos tiveram queda considerável. Fontes da fronteira afirmam que a trégua faz parte de um recente acordo envolvendo o PCC e traficantes poderosos da região.
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