Reitora alega que espaço de reunião foi invadido e reclama de insegurança
Mirlene Damázio emitiu nota adiando reunião do Conselho Universitário para outubro, mas evento segue normalmente

Em “nota de esclarecimento” divulgada há pouco, a reitora temporária da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) Mirlene Damázio disse que o espaço reservado para a 97ª reunião ordinária do Conselho Universitário da Instituição, na manhã de hoje (26), foi “invadido” e que havia risco para a segurança dos conselheiros.
Na condição de presidente do conselho, ela adiou a reunião para 4 de outubro mesmo sem ter saído do gabinete para ir ao evento, mas a decisão foi ignorada pelos conselheiros, que permanecem reunidos no auditório do prédio da reitoria, deliberando sobre assuntos internos da universidade.
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Professor presente no local disse ao Campo Grande News que Mirlene não pode adiar a reunião. “Ela nem veio ao local da reunião. Depois de convocada, a reunião só pode ser cancelada pelo próprio Conselho Universitário”, afirmou o professor.
“Não houve apuração de regularidade de ocupação e acomodação dos conselheiros, nem a ordem e decoro necessários, sendo observada a invasão de pessoas com instrumentos musicais, balões e gritos, bem como a falta de segurança necessária para que a mesma ocorresse com regularidade de procedimentos”, afirma a nota assinada por Mirlene Damázio.
Estudantes e servidores levaram balões na cor laranja, simbolizando as candidaturas “laranjas” do PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, investigadas em várias cidades brasileiras.
Segundo a reitora temporária, nomeada em junho deste ano pelo Ministério da Educação, as manifestações têm intuito de “inviabilizar os trabalhos da Universidade e o andamento das pautas imprescindíveis para regularidade das atividades”.
A nota segue: “diante do comprometimento da integralidade de segurança dos conselheiros, deliberou-se pelo cancelamento da referida reunião e transferência para o dia 4 de outubro de 2019”.
Antes de começar a reunião, guardas municipais chamados pela reitoria ocuparam o prédio da unidade I da UFGD e foram recebidos com protestos por estudantes, servidores e professores. Diante da manifestação, eles ficaram do lado de fora do prédio, na calçada.
O comandante da Guarda Divaldo Machado de Menezes disse ao Campo Grande News que mandou equipe ao local a pedido da reitoria. Ofício solicitando apoio na segurança foi protocolado ontem no comando da corporação. “É só por questão de prevenção porque pode ocorrer manifestação e alguém querer adentrar à reunião do conselho”, disse ele.
Homens da Força Tática da Polícia Militar também foram até a reitoria, mas não entraram no prédio. O comandante do 3º Batalhão da PM, tenente-coronel Carlos Silva, disse que a corporação recebeu denúncia de invasão do prédio.
A reunião do Conselho Universitário continua, presidida pelo conselheiro mais velho. Por volta de 10h50 foi aprovada a prorrogação por mais duas horas.
A maioria dos conselheiros que falam a microfone protesta contra a reitora temporária, chamada de “interventora”. Um conselheiro propôs que o Conselho Universitário aprove documento cobrando do MEC a nomeação do professor Etienne Biasotto, vencedor da eleição interna feita em março e primeiro da lista tríplice enviada a Brasília.
No dia 13 de agosto, o juiz Moisés Anderson Costa Rodrigues da Silva, da 1ª Vara Federal em Dourados, julgou como improcedente a ação do MPF (Ministério Público Federal) contra a lista tríplice. A ação foi alegada pelo MEC como motivo para a nomeação da reitora temporária, em junho.