ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, TERÇA  12    CAMPO GRANDE 21º

Interior

Seguranças pagos improvisam torre de observação para ameaças em área de conflito

Vigilantes contratados por fazendeiros transformaram reservatório de água em ponto de monitoramento

Helio de Freitas, de Dourados | 19/09/2022 13:59


Reservatório de água construído pela Sanesul está sendo usado como torre de observação por seguranças privados em área de conflito envolvendo indígenas e proprietários rurais em Dourados, a 251 km de Campo Grande.

Vídeos recebidos pelo Campo Grande News mostram pelo menos um segurança em cima do reservatório (veja as imagens acima). Os indígenas denunciam que os vigilantes, chamados por eles de “pistoleiros”, tentam intimidá-los com ameaças para que deixem a área.

“Colocam fogo no mato perto das casas, usam lanternas potentes para impedir as pessoas, muitas delas crianças, de dormirem à noite. Agora estão subindo no reservatório da Sanesul para nos vigiar”, afirmou um guarani-kaiowá da comunidade Ararikuty, que pediu para não ter o nome divulgado.

A área fica nos arredores da Aldeia Bororó, na região norte de Dourados. Desde 2016, indígenas ocupam pedaços de sítios e fazendas localizados no entorno da aldeia para reivindicar a demarcação das terras. O local já foi palco de vários confrontos entre índios e seguranças privados, com feridos de ambos os lados.

Segundo informações dos próprios indígenas, as terras ao lado do reservatório pertencem a uma incorporadora de Dourados que tem plano de construir condomínio de luxo. A região norte da cidade abriga os mais luxuosos condomínios fechados da cidade, com mansões sendo vendidas por até R$ 5 milhões.

O gerente regional da Sanesul em Dourados, Madson Valente, disse que o reservatório de água usado pelo segurança não está em operação. Segundo ele, o poço artesiano que vai ajudar no abastecimento daquela região da cidade ainda está sendo perfurado. O reservatório tem capacidade para 1,5 milhão de litros de água.

“Acionamos a Empresa responsável pela obra para que tomem as providências pertinentes e faça a escolta armada saírem do local. Reitero que esta obra está inconclusa e que por esta razão não faz abastecimento em nenhum local de Dourados”, afirmou.

Nos siga no Google Notícias