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Interior

Tropa de choque da PM chega à fazenda para despejar famílias sem-terra

Pelo menos mil famílias ocuparam área de 5.800 hectares em agosto deste ano; reintegração foi determinada no dia 10 de outubro

Helio de Freitas, de Dourados | 03/12/2015 08:23
Sem-terra que ocupam Fazenda Saco do Céu, em Nova Andradina; tropa de choque está no local para despejo (Foto: Divulgação/MST)
Sem-terra que ocupam Fazenda Saco do Céu, em Nova Andradina; tropa de choque está no local para despejo (Foto: Divulgação/MST)

A tropa de choque da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul está na Fazenda Saco do Céu, no município de Nova Andradina, a 300 km de Campo Grande, para cumprir o mandado de reintegração de posse da área de 5.800 hectares, ocupada em outubro deste ano por mil famílias ligadas ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).

Dinho Lopes, um dos líderes do acampamento, disse ao Campo Grande News que os policiais acompanham o oficial de Justiça que foi ao local para cumprir a reintegração, determinada no dia 10 de outubro pelo juiz da 2ª Vara Cível da comarca, Robson Celeste Candelorio.

“Estamos negociando, mas não tem acordo, vamos ter que sair imediatamente, mas ainda estamos conversando, queremos ao menos definir para onde as famílias irão, organizar a retirada do acampamento e tentar fechar um acordo para poder colher o as famílias plantaram na terra”, afirmou ele. A fazenda fica no distrito de Casa Verde.

Em nota distribuída pela assessoria, o MST afirma ser impossível cumprir a reintegração de posse no tempo determinado pela Justiça. O despejo foi solicitado pela proprietária da fazenda, Anely Conceição Liguori.

“Nossas famílias estão acampadas com seus barracos montados e precisam não só viabilizar transporte como uma nova localidade para se instalar, com condições de sobrevivência”, afirma o movimento. “O direito patrimonial não pode sobrepor-se aos direitos de centenas de famílias, com o intuito de usar a propriedade privada para a prática de grave violência, mesmo que via a utilização do aparato estatal”, diz o MST.

O movimento justifica ainda que a terra rural “não pode ser objeto de acumulação, especulação e privilégio de poucos, mas sim como um direito extensivo a todos como garantia da distribuição de renda, trabalho, cuidado ao meio ambiente e dignidade cidadã”.

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