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Cidades

Sem receber da Prefeitura este ano, creches conveniadas ameaçam fechar

Instituição do Universitário já suspendeu atividades desde ontem

Leandro Abreu | 06/05/2016 11:38
Creche no Universitário fechou as portas ontem até que o pagamento seja regularizado. (Foto: Leandro Abreu)
Creche no Universitário fechou as portas ontem até que o pagamento seja regularizado. (Foto: Leandro Abreu)

Já no quinto mês do ano, creches e instituições de ensino conveniadas com a Prefeitura de Campo Grande ainda não receberam um centavo de repasses vindos do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) em 2015. Em “situação de desespero”, algumas não suportam mais os débitos e entraram em greve esta semana, deixando os pais sem ter onde deixar os filhos pequenos.

Um exemplo é a creche João Paulo II, localizada no bairro Universitário – sul da Capital. Sem receber, as atividades da instituição foram suspensas ontem (5) e não tem previsão para retorno, até que o primeiro repasse ocorra. Enquanto isso, os pais e responsáveis pelas crianças que frequentam o local precisam se desdobrar.

“Atrapalha bastante. Minha irmã trabalha de manhã e deixa comigo o filho dela. Eu trabalho de tarde, então consigo cuidar dele. Mas se ficar mais tempo fechado vai complicar ainda mais”, comentou a atendente Vitória Domingues, 28, enquanto passeava com as crianças próximo da creche fechada. De acordo com alguns pais, cerca de 150 crianças da região frequentam a creche. Na manhã de hoje o local estava fechado e não havia ninguém trabalhando.

As grandes instituições da Capital também sofrem com essa falta de repasse e comprometimento da prefeitura. Na Pestalozzi de Campo Grande, 700 usuários dos serviços de assistência social, educação e saúde são prejudicados pela situação.

“É uma verdadeira situação de desespero. A gente tem feito todas as tratativas com o município para tentar acelerar, mas sem sucesso. Somente essa semana que assinamos o convênio do Fundeb. Agora tem todo um trâmite para começarem os repasses. Esse recurso contribui no pagamento de salário dos funcionários. Estamos em maio e mantendo tudo sozinhos”, disse a presidente da Pestalozzi da Capital, Gyselle Tannuos.

Ainda conforme Gyselle, o problema de repasses do Fundeb não é nenhuma novidade, mas se repete todos os anos, sem exceções. “Como o convênio é renovado todo ano, a prefeitura começa e discutir o contrato no começo do ano e só assinamos meses depois. Eu estou a frente da Pestalozzi há três anos e nunca recebi recurso da Prefeitura antes de junho. A solução seria a criação de uma lei municipal da Câmara, que obrigasse o prefeito a realizar esse repasse mais cedo, mas isso não existe. Na legislação do Fundeb ele pode repassar até dezembro se quiser”, completou.

Além do repasse do Fundeb, a presidente da Pestalozzi lembra que desde agosto também sofre com a falta de merenda. “Desde o ano passado eles não entregam ou só entregam o básico, sem comprometimento com vários tipos de alimentos. E não há previsão que tudo seja resolvido”, concluiu.

Outras creches, que também sofrem com o mesmo problema, relataram viver no limite, a ponto de também suspender as atividades. O Campo Grande News conversou com um diretor que não quis se identificar e nem divulgar o nome da instituição, por medo de represálias. “A promessa de pagamento é semana que vem, mas sem certeza nenhuma. Estamos conseguindo conversar com os profissionais e não pensamos em fechar, mas algumas outras creches já estouraram e outras estão no limite”, disse.

Procurada para explicar os motivos do atraso no repasse, a Prefeitura de Campo Grande não se manifestou até o fechamento dessa matéria.

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