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Não trate as pessoas como ChatGPT

A forma como nos comunicamos está sempre sofrendo alterações, mas é preciso estar atento à forma

Por Larissa Almeida (*) | 17/10/2025 15:40

Você já percebeu como a tecnologia vem moldando a forma como a gente se comunica? Hoje, estamos acostumados a dar comandos diretos para a inteligência artificial “faça isso”, “resuma aquilo”, “escreva de tal jeito”. O que começou como praticidade está, aos poucos, se infiltrando no jeito como falamos com as pessoas. Nos tornamos imediatistas. Queremos respostas rápidas, objetivas, sem rodeios — e esquecemos que relações humanas não funcionam por prompt e resposta.

ChatGPT entende comandos. Pessoas entendem tons. ChatGPT responde com eficiência. Pessoas respondem com emoção. E essa diferença é o que mantém a humanidade viva nas relações.

 Basta observar. Quantas vezes você já enviou uma mensagem no WhatsApp como quem dá uma ordem? “Me manda o relatório.” “Vê isso pra mim.” “Resolve isso ainda hoje.” Curto, direto, funcional — mas completamente sem contexto ou sutileza. E o resultado é que, do outro lado, a pessoa se ressente. Não há espaço para o bom-dia, o como vai, o tom de voz gentil. A pressa, a produtividade e a objetividade — que tanto valorizamos estão empobrecendo a comunicação.

O problema é que eficiência sem empatia gera ruído. E ruído desgasta vínculos, tanto no trabalho quanto na vida pessoal. Claro que isso também se deve a essa rotina apressada e atarefada que estamos vivendo.  Mas pessoas precisam de contexto, gentileza, pausa e escuta. Enquanto a IA entrega uma resposta pronta, um ser humano precisa de um olhar, uma validação, um “tudo bem com você” antes da solicitação.

 Pense em como reagimos quando alguém nos escreve de maneira “curta e grossa”.
Se a mensagem chega fria, automática, até uma simples solicitação soa como cobrança.
Por outro lado, quando há cuidado na forma — um “por favor”, um “agradeço se puder”, um “tudo bem com você antes?” — a resposta vem com mais boa vontade.

Não é sobre ser excessivamente formal ou polido, é sobre lembrar que empatia ainda é uma linguagem poderosa — e exclusivamente humana. Talvez esse seja um dos grandes desafios do nosso tempo usar a tecnologia sem deixar que ela use a gente.

 Porque, no fim, quem cria conexões, quem inspira confiança e quem constrói boas relações ainda somos nós — com nossa voz, nosso tom e nossa presença. Então, da próxima vez que for pedir algo a alguém, respire e pense você está falando com uma pessoa… ou dando um comando a uma máquina.

(*) Larissa Almeida é formada em Comunicação Social pela UFMS e pós-graduada em Influência Digital pela PUC-RS. Trabalhou durante 14 anos na área de comunicação e imagem em importantes instituições como Caixa Econômica Federal, Prefeitura de Campo Grande, Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, Senado Federal, além de ter coordenado a comunicação da Sanesul. Consultora de imagem formada pelo RML Academy e Centro Universitário Belas Artes de São Paulo. Especialista em Dress Code e comportamento profissional por Cláudia Matarazzo e RMJ Treinamento e Desenvolvimento Empresarial. Siga no Instagram @vistavoce_.

 

Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.