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Em Pauta

O português que começou a luta contra a escravidão

Por Mário Sérgio Lorenzetto | 20/11/2024 09:10
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

No dia 15 de novembro de 1.759, um português pousou a pena em algumas páginas que se converteriam no livro que dá início à luta pela abolição da escravatura. Esse homem não estava em Portugal, vivia em Paris, para onde fugira da perseguição da Inquisição. Nunca mais voltará a seu pais de nascimento. Passou por Londres, onde se converteu ao judaísmo, religião de seus antepassados. Foi, depois, para a Holanda, onde estudou medicina e foi para a Rússia, para ser médico da czarina Ivanova. Passou pela Crimeia, onde conviveu com budistas, católicos e xamanistas. Agora, está de volta à Paris, onde tenta viver sem pensão de qualquer nobre, algo difícil naquele tempo. O seu nome é Antônio Riversaches.


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O que fazer com aquele reino velho?

A maior preocupação de Riversaches é criar uma estratégia para o desenvolvimento de Portugal. Ele dedica a maior parte de seu livro a combater a escravatura. Para ele, a escravidão é desumana para os escravos e, além disso, estupidifica e desumaniza os donos dos escravos. São palavras dele: “Se eu pretendo que a população de Portugal seja educada, não podia concordar com a escravidão. A sociedade portuguesa precisa de amor a seus semelhantes e de amor a promover a paz e a união. Não é possível que se introduza essas virtudes enquanto tiver um senhor que dá uma bofetada em um negro pelo menor descuido. Enquanto cada menino ou menina tiver seu negrinho ou negrinha, a escravidão altera o ânimo daqueles senhorinhos ou senhorinhas que ficam soberbos, sem ideia alguma de justiça e nem de dignidade”.


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Um modelo econômico inviável.

Antônio Riversaches foi o primeiro a entender que além da questão moral, a escravidão era um modelo econômico que levaria seu pais natal à decadência. Ele dizia que um modelo político errado, levava à uma economia errada, e à anestesia de toda a sociedade. Ele explicava que a riqueza que a escravidão estava levando a Portugal era ilusória, valia apenas por pouco tempo. Muito antes de qualquer europeu, entendeu que a mão de obra mais barata que existe - a escrava - não produzia riquezas a longo prazo. Riqueza só existe com mão de obra bem paga, afirmava Antônio Riversaches, bem antes de qualquer outro economista que lutou contra a escravidão tendo a economia como principio basilar. O problema dizia, era que o reino português não se educava com a aquisição da riqueza fácil advinda da escravidão. Portugal, naquela época, tinha apenas 10% de sua população alfabetizada, enquanto a Suécia tinha 90%.

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