O centro de Campo Grande tem solução
O centro de Campo Grande enfrenta, há anos, problemas que comprometem sua vitalidade e segurança: moradores em situação de rua, dependência química, reincidência de crimes, falta de manutenção de áreas públicas como o Horto Florestal e praças, escassez de atividades culturais, esportivas e de lazer, doações de alimentos em vias públicas sem regulamentação – gerando transtornos para a saúde, o meio ambiente e a segurança –, imóveis abandonados, terrenos baldios, poucas vagas de estacionamento, obras inacabadas e ausência de banheiros e bebedouros públicos. Esse é, infelizmente, o retrato atual da região central.
Para que soluções efetivas sejam implantadas, é necessário partir de um diagnóstico seguro e confiável. Nesse sentido, o Clube dos Dirigentes Lojistas (CDL) apresentou recentemente um relatório técnico que aponta o declínio do centro nas últimas três décadas. A Prefeitura, por sua vez, criou o Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da Política para a População em Situação de Rua, com o objetivo de articular governo e sociedade civil na formulação de políticas públicas voltadas às pessoas em vulnerabilidade.
Entretanto, considero fundamental ampliar a participação da sociedade nesse Comitê, incluindo entidades como a Associação Comercial e Industrial de Campo Grande, CDL, OAB, Conselho Comunitário de Segurança, Rotary Club, Lions Club, Maçonaria, associações de moradores, Narcóticos Anônimos, entre outras. A presença dessas instituições fortalece a democracia, garante transparência e legitima as decisões.
Outro ponto urgente diz respeito às doações de alimentos em via pública sem critérios, prática que, embora bem-intencionada, causa desordem e insegurança. Já elaboramos, junto à Secretaria Municipal de Assistência Social (SAS) com apoio da Defensoria Pública da União, Defensoria Estadual e outras entidades, uma minuta estabelecendo regras claras. Falta apenas a Prefeitura regulamentar a matéria.
Para agregar valor ao centro, algumas medidas são viáveis e de rápida implementação:
- Parcerias público-privadas para instalação de banheiros e bebedouros
- Designação de locais para vans vindas do interior
- Criação de estacionamento na área da antiga ferroviária
- Implantação de ecopontos itinerantes
No campo da mobilidade, o destombamento parcial do canteiro central da Avenida Afonso Pena é necessário para viabilizar um corredor exclusivo de ônibus, assim como na Avenida Mato Grosso (nesta, sem necessidade de destombamento). A medida atende demanda crescente e encontra respaldo na doutrina da engenharia de trânsito.
A ocupação democrática do espaço público – com feirinhas, brechós, atividades culturais, esportivas e de lazer – é essencial para resgatar o sentimento de pertencimento da comunidade e reforçar a cidadania ativa dos moradores do centro.
No combate à criminalidade, crimes como tráfico de drogas e furto de cabos devem ser prioridade policial. Contudo, a colaboração da população é imprescindível: registrar ocorrências fortalece o planejamento e as ações das forças de segurança. Paralelamente, investimentos em tecnologia, monitoramento eletrônico e iluminação pública são indispensáveis.
No campo da saúde, a situação dos dependentes químicos requer atenção especial. Apesar dos esforços da SAS, a resistência ao acolhimento ainda é grande. É preciso investir em tratamento adequado e reinserção social, com qualificação profissional e acesso ao mercado de trabalho.
Na área cultural, o retorno das atividades na Morada dos Bais foi um avanço, mas é indispensável finalizar as obras do Belas Artes e da antiga Rodoviária, além de revitalizar o histórico Horto Florestal.
O centro de Campo Grande precisa recuperar seus áureos tempos de pujança. Para isso, não basta a atuação do poder público: é necessário o engajamento de toda a sociedade. Somente com participação coletiva, união de esforços e compromisso real será possível transformar o coração da nossa cidade em um espaço mais seguro, vivo e acolhedor.
