Mais vítimas no asfalto: rodovia continua letal para animais silvestres

A rodovia MS-080, conhecida pelo fluxo frequente de animais silvestres, voltou a registrar novos casos de atropelamentos. Neste domingo (9), o cinegrafista Jairton Bezerra encontrou corpos de cachorros-do-mato e tamanduás-bandeira no trecho entre Campo Grande e Rio Negro. Segundo ele, não há sinalização indicando travessia de animais no percurso.

Levantamento técnico realizado pelo Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito), em julho do ano passado, aponta que uma média de 2.697 veículos circula diariamente pela rodovia. O estudo também indica baixo movimento de pedestres, mas destaca o trânsito frequente de animais silvestres, o que aumenta o risco de atropelamentos.

Casos como esse são frequentes nas rodovias de Mato Grosso do Sul, tanto nas estaduais quanto nas federais. Relatórios de monitoramento apontam que muitos condutores não respeitam os limites de velocidade, fator que contribui para os atropelamentos.

Em algumas regiões, iniciativas como a instalação de passagens subterrâneas para a fauna e sinalizações específicas já foram adotadas, mas ainda há trechos sem qualquer estrutura para reduzir esses impactos.

Entre maio de 2023 e abril do ano passado, 2.300 animais foram atropelados em trecho de 350 km da BR-262, que liga Campo Grande à ponte do Rio Paraguai, nos biomas Cerrado e Pantanal. Os dados foram coletados pelo Projeto Bandeiras e Rodovias, do ICAS (Instituto de Conservação de Animais Silvestres).

Especialistas em meio ambiente alertam que a destruição do habitat natural dos animais também colabora para o aumento desses incidentes. Com a redução das áreas verdes devido ao avanço da urbanização, e quantidade de incêndios na flora sul-mato-grossense, espécies como tamanduás, lobos-guará e antas são obrigadas a atravessar rodovias em busca de alimento e água, tornando-se alvos fáceis para motoristas desatentos ou em alta velocidade.

"Só do que eu vi ontem, tinha uns seis animais mortos. Quando estava chegando no meu destino passou um macaco bugio, até me assustei porque ele passou bem na frente do carro, o cara teve que frear rápido. Então, falta sinalização de que ali tem animais do Cerrado", contou o cinegrafista.

Em nota, a Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos) informou que são elaborados novos estudos de licenciamento ambiental que preveem a instalação de novos dispositivos de mitigação de colisão da fauna silvestre. Mas não deu detalhes do estudo. A nota ainda diz que não há previsão de obras na MS-080.

(*) Matéria editada às 16h33 para acréscimo de nota.

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