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Economia

Bloqueio de rodovias pode deixar Estado sem combustível e hortifrutis

Priscilla Peres | 24/02/2015 16:21
Protesto dos caminhoneiros está no quarto dia e União quer fim de bloqueio. (Foto: Marcelo Calazans)
Protesto dos caminhoneiros está no quarto dia e União quer fim de bloqueio. (Foto: Marcelo Calazans)

Se a paralisação dos caminhoneiros continuar pelos próximos dias, o abastecimento de produtos em Campo Grande e no interior ficará prejudicado, além do escoamento da safra de soja que está sendo colhida. De combustíveis a hortifrutis são transportados pelas rodovias e podem deixar de chegar até o destino.

Na Ceasa/MS (Central de Abastecimento) 85% dos produtos comercializados são importados de outros estados e se o protesto nas rodovias continuar nos próximos dias, o fornecimento ficará prejudicado. Por enquanto, os caminhoneiros estão liberando a passagem de cargas vivas e perecíveis.

"Até agora estamos tendo atrasos na entrega da carga de algumas horas, por que os caminhões ficam cerca de meia hora parados nos protestos, mas ainda está chegando até nós. Só que no Paraná todos os caminhões estão parando no protesto, então pode ser quer amanhã falte produtos", explica o coordenador da divisão de mercado, Cristiano Chaves.

Nivaldo Shirado comercializada hortifrútis no bairro Arnaldo Figueiredo e compra os produtos da Ceasa. Ele explica que já está com dificuldades para comprar alguns itens e não sabe se vai conseguir abastecer sua loja amanhã. "Tenho um caminhão que vinha com verdura de interior de SP hoje e ja não vem. Só na quinta-feira e se acabar a paralisação".

Se a carga sair de lá no caminhão e ficar parada na rodovia por causa dos protestos, há risco de perder todos os produtos. "São muito perecíveis, se ficar um dia no sol estraga tudo e teremos que ficar com o prejuizo", diz ao contar que um caminhão carregado de verdura custa entre R$ 10 mil e R$ 12 mil.

Principal reivindicação é a redução do preço do combustível. (Foto: Eliel Oliveira)
Principal reivindicação é a redução do preço do combustível. (Foto: Eliel Oliveira)

Combustível - As distribuidoras de combustível da Capital já enfrentam problemas para fazer o fornecimento aos postos. Algumas unidades recebem combustível todos os dias e se este não for feito, correm o risco de ficar sem o produto.

A coordenadora comercial da base Tauros da Capital, Marcia Valéria Coningue, explica que os caminhões não conseguem chegar ao destino da entrega e quando chegam, não voltam para a base. "Tem posto que compra por dia, por que tem tanque pequeno e vende muito. Se amanhã continuar assim há chances de faltar combustível em alguns lugares", diz.

De acordo com Guilherme Goes, sócio-proprietário de um posto Tauros localizado na Chácara das Mansões, hoje o abastecimento não foi feito pela base. "Temos uma base aqui em Campo Grande e outra em Dourados, porém, hoje já não recebemos o abastecimento que é diário. A base nos informou que irá enviar o combustível amanhã, mas não garante que ele chegue aos potos. Caso isso ocorra não teremos como abastecer", diz.

O problema se repete também nos postos da área central da Capital, Teodoro Volobueff, 20 anos, sub-gerente do posto localizado na rua Marechal Rondon, compra combustível para semana inteira, mas teme que a demanda aumente devido a falta de abastecimento em outros postos. "Tenho reserva até para o final de semana, mas se a demanda aumentar, creio que iremos ficar sem combustíveis".

Produtos perecíveis parados na rodovia podem estragar  de um dia pro outro. (Foto: Eliel Oliveira)
Produtos perecíveis parados na rodovia podem estragar de um dia pro outro. (Foto: Eliel Oliveira)

Safra - De acordo com a Famasul (Federação de Agricultura e Pecuária de MS) o Estado vive um momento crucial para a produção de grãos. Os produtores já colheram pouco mais de 40% da safra de soja e estão fazendo o plantio de milho, que chega a 35%.

"Esses bloqueios acabam potencializando as nossas deficiências logísticas, pois quando colhe o produtor precisa dar um destino rápido. Se o grão não for armazenado rápido o produto corre o risco de ter a qualidade afetada", explica o gestor do departamento técnico da Famasul, Lucas Galvan.

A exposição ao sol e chuva podem prejudicar o grão, gerando perdas para o produtor e consequentemente para a safra estadual. "A nossa preocupação é se o protesto continuar. Podemos ter perdas consideráveis", diz.

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