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Economia

Com arroba em alta, preço da carne começa a subir para consumidor

Até eleições está entre quatro fatores que influenciaram nos valores da carne em outubro

Por Kamila Alcântara e Clara Farias | 23/10/2024 14:13
Expositor dos cortes de carnes em um açougue, com placas de ofertas fixados no vidro (Foto: Paulo Francis)
Expositor dos cortes de carnes em um açougue, com placas de ofertas fixados no vidro (Foto: Paulo Francis)

Outubro começou com o preço da arroba do boi gordo mais salgado para os frigoríficos, mas o setor considera isso uma valorização do período e até o aquecimento do mercado por conta das eleições. Para ter uma ideia, segundo a tabela da Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) da USP (Universidade de São Paulo), no dia 1° do mês a arroba custava R$ 276 e, na última segunda-feira (21), chegou a R$ 306.

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Em outubro, o preço da arroba do boi gordo aumentou, passando de R$ 276 para R$ 306, impulsionado por uma demanda elevada e exportações recordes, especialmente para a China e Chile. Quatro fatores influenciam essa valorização: o ciclo pecuário, questões climáticas, a valorização das exportações e o impacto das eleições na economia. Apesar do aumento no consumo, os frigoríficos enfrentam dificuldades devido à escassez de animais disponíveis, levando a uma competição acirrada nos preços. No varejo, os consumidores ainda não perceberam grandes mudanças, mas os atacadistas já sentem o impacto dos preços crescentes

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Em um açougue na Tamandaré, a atendente diz que os clientes do varejo ainda não sentiram esse aumento, mas os que fazem encomendas no atacado (acima de 20 kg de carne) já reclamaram. “Quem compra poucas quantidades ainda está na mesma, mas os nossos do atacado estão reclamando dos preços de uns dias para cá”, disse Aryelli Camargo, de 29 anos.

No Jardim Noroeste, o aumento no preço da carne foi observado desde setembro. Conforme a gerente de uma casa de carne, Ana Clara Rodrigues, de 18 anos, a linguiça e o espeto de carne sofreram um aumento no bolso do consumidor, passando de R$ 9 para R$ 11 o pacote. "Nós pegamos pronto do fornecedor, e vendemos embalado, direto no pacote. Se o fornecedor aumenta, lá na fábrica, temos que aumentar aqui também", comentou.

Gerente de uma casa de carne, Ana Clara Rodrigues, ao lado de placa que alerta sobre aumento dos preços (Foto: Henrique Kawaminami)
Gerente de uma casa de carne, Ana Clara Rodrigues, ao lado de placa que alerta sobre aumento dos preços (Foto: Henrique Kawaminami)

Segundo ela, os clientes passaram a reclamar do aumento, mas não deixaram de comprar. "O início do mês foi difícil e estava vendendo muito pouco, mas agora as pessoas estão se acostumando com o valor e no final de semana vendi quase todo meu estoque", finalizou Ana. Para os próximos meses há previsão de um novo aumento, mas a gerente não soube dizer de quanto.

Já num estabelecimento no Bairro Coronel Antonino, a atendente não quis se identificar, mas garantiu que a diferença ainda está em centavos, percebidos na compra do frigorífico e que eles tentam não chegar ao cliente final. Porém, não sabem até quando vão conseguir manter dessa forma.

Outro expositor de carnes em um açougue na Capital (Foto: Paulo Francis)
Outro expositor de carnes em um açougue na Capital (Foto: Paulo Francis)

Como adiantou o Campo Grande News, a valorização no preço da arroba tem origem na demanda maior, tanto no mercado interno, quanto externo. A valorização da arroba em setembro resultou em ganho no comparativo anual. O valor do macho está 19,1% maior e a arroba da vaca 19,5% superior de 2023 para 2024.

Segundo o zootecnista e proprietário da PEC-BR Consultoria, Caio Rossato, existem quatro fatores que atualmente influenciam no valor pago pela carne. O primeiro fator é o ciclo pecuário, o segundo envolve questões climáticas, o terceiro é a valorização na exportação e, por fim, até as eleições trazem reflexos no setor.

"Em vários países têm melhorado a margem [de preço]. A gente está batendo exportações recordes esse ano na carne bovina e ajudou a alavancar. Também por ser um ano de eleição, um ano que tem muito dinheiro sendo injetado na economia por conta do otimismo da população e tudo mais", detalha Caio.

O ciclo pecuário tem relação com o descarte de matrizes reprodutoras, o que leva à falta de bezerros, o que encareceu a venda do boi gordo. Aí vem a secas severas, que prejudicam as pastagens. Com isso, foi alavancada a precificação nas exportações para China e Chile.

Apesar do aumento do consumo com a economia aquecida, o ritmo nos valores segue agressivo. "Por não terem nenhuma segurança na oferta de animal, os frigoríficos estão sendo um pouco mais agressivos na compra do boi gordo, exatamente pela diminuição de animais disponíveis", completa.

Açougueiro segura peças da "ponta de peito" para cliente escolher (Foto: Paulo Francis)
Açougueiro segura peças da "ponta de peito" para cliente escolher (Foto: Paulo Francis)


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