Empresa indonésia tenta pela 2ª vez “passar cheque” para comprar fábrica em MS
Depois de se encontrar com Hamilton Mourão, dono da Paper Excellence se reúne com filho de Bolsonaro de olho na Eldorado
Pela segunda vez, representantes do grupo indo-holandês Paper Excellence tentam “passar um cheque” em valores bilionários que garantirão a compra e ampliação dos investimentos da Eldorado Celulose, em Três Lagoas –a 338 km de Campo Grande. Depois de, no início do ano, tentarem pressionar pelo negócio junto ao vice-presidente Hamilton Mourão, a investida desta vez ocorreu com o senador Eduardo Bolsonaro (PSL), filho do presidente Jair Bolsonaro.
Eduardo, que passa as férias na Indonésia, encontrou-se na terça-feira (30) com Jackson Widjaja, dono da Paper Excellence, posando ao lado dele segurando um cheque simbólico no valor de R$ 31 bilhões, montante que a indústria pretende investir na compra e ampliação da fábrica de celulose em Três Lagoas até 2022.
A reunião em Jacarta, capital indonésia, foi comemorada pelo presidente, como destacou o jornal Folha de S. Paulo, como prova da volta de confiança no país. Por tabela, ocorreu no momento em que o senador teve o nome ventilado para assumir a Embaixada do Brasil nos Estados Unidos.
Em maio deste ano, o mesmo Widjaja se encontrou com Mourão durante evento na Bolsa de Xangai, na China. Na ocasião, ambos também posaram segurando um cheque, mas em valor menor –eram R$ 27 bilhões, ou “apenas” R$ 4 bilhões a menos.
Mais fundo – Mais do que um mero jogo de cena, as fotos com personagens do alto escalão da política brasileira reforçam a disposição do dono da Paper Excellence em assumir de vez o comando da Eldorado, da qual é sócia da J&F –a holding que inclui também o Grupo JBS e tem entre os proprietários os irmãos Joesley e Wesley Batista.
Em setembro de 2017, a Paper adquiriu 49,5% do controle da Eldorado ao custo de R$ 15 bilhões, com previsão de aquisição do restante do capital em um ano. O prazo não teria sido cumprido, embora a empresa da Indonésia alegue ter capital para quitar as dívidas da empresa e que enfrentava dificuldades para obter as garantias.
A J&F, por sua vez, cancelou o negócio e sustentou a necessidade de firmar um novo contrato envolvendo os 50,5% de ações restantes e pede indenização. O caso resultou em disputa no escritório da Câmara de Mediação e Arbitragem Internacional em São Paulo, que terminou em março deste ano com decisão favorável à empresa brasileira –o caso foi arquivado.
Judicialmente, o grupo brasileiro obteve vitórias até aqui, com decisões negando a ampliação da conclusão do negócio por tempo indeterminado.