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Economia

Fiems diz que greve de caminhoneiros parou 60% das indústrias de MS

Presidente da entidade alerta que, com produção paralisada diante da falta de opção para abastecimento e escoamento, pagamento de salários a trabalhadores também fica ameaçado

Humberto Marques | 23/05/2018 19:20
Manifestação ocorre há três dias contra política de preços da Petrobras. (Foto: Paulo Francis)
Manifestação ocorre há três dias contra política de preços da Petrobras. (Foto: Paulo Francis)

Mais de 3.700 indústrias em Mato Grosso do Sul paralisaram a produção nos últimos três dias, em virtude da greve dos caminhoneiros que se espalha pelo país. O número equivale a 60% dos 6.201 estabelecimentos industriais do Estado, segundo levantamento da Fiems (Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul), e preocupa o setor, segundo o presidente da entidade, Sérgio Longen. Segundo ele, um dos efeitos da manifestação é o atraso no pagamento de salários aos mais de 120 mil trabalhadores das indústrias locais.

“Se as indústrias estão paradas, elas não produzem e, se elas produzem, também não podem vender. E se não vendem também não podem ter os impostos recolhidos. Na próxima semana, não tem como pagar a folha de pagamento dos nossos trabalhadores e, portanto, essa paralisação é uma preocupação imediata das empresas, pois elas não podem parar”, afirmou Longen.

O presidente da Fiems afirmou, ainda, que “os caminhoneiros precisam entendem que os fretes também não serão pagos porque não têm faturamento, então é um momento grave para a economia brasileira”.

Longen considerou que a paralisação do transporte de cargas não é um meio de combater a crise no país. Para ele, o protesto preocupa por ocorrer quando a economia do Brasil dava sinais de melhora. “Entendo que é justa a manifestação e está dentro do direito democrático da categoria, mas interromper a produção de setores que abastecem a sociedade não é correto e isso eu não posso concordar”, pontuou, considerando “justa” a reivindicação do movimento –contrário às políticas de preço dos combustíveis adotadas pela Petrobras.

Protesto conquistou adesão de outras categorias; Fiems adverte para riscos a salários. (Foto: Paulo Francis)
Protesto conquistou adesão de outras categorias; Fiems adverte para riscos a salários. (Foto: Paulo Francis)

“Precisamos redefinir o modelo de reajuste dos preços dos combustíveis porque não é aceitável simplesmente acatar os parâmetros adotados pelo Petrobras, que enxerga apenas o seu lado como empresa, sem levar em consideração a situação do resto da sociedade. É muito difícil hoje que seja mantida essa política de aumento”, ponderou.

Para o empresário, é “complicado” manter a política de equiparar os preços da gasolina e do óleo diesel, como ocorreu no passado. Para ele, o diesel deve ser o insumo mais barato, por ser usado no transporte da produção. “Se a gente conseguir desonerar o diesel e retornar à condição que tínhamos há 15 anos, quando o preço do diesel era bem diferente do preço da gasolina, é uma maneira de acabar com essa crise”, assegurou.

Longen ainda avaliou que a proposta que prevê a redução do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) dos combustíveis, que começa a ser debatida no Senado, pode criar outro problema. “Se a União e os Estados não podem baixar impostos e se a Petrobras não pode rever a sua política de preço, como é que vamos sair desse impasse?”, questionou, cobrando um debate aprofundado sobre o tema.

Famasul – A tese para reformulação da tributação sobre combustíveis também foi defendida pela Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul) que, diferentemente de Longen, manifestou apoio ao protesto dos caminhoneiros desde o primeiro dia, “por entender que, embora represente um prejuízo momentâneo para o setor, é uma forma de pressionar e revisar a política de preços dos combustíveis”.

A entidade ruralista argumenta que o preço do petróleo no mercado internacional sofre pressões de alta, que automaticamente se reproduziu no país com aumento de 11% no preço do diesel desde janeiro deste ano.

Atos se espalharam por rodovias do Estado. (Foto: Ricardo Fernandes)
Atos se espalharam por rodovias do Estado. (Foto: Ricardo Fernandes)

A Famasul lembra que, dos custos da agropecuária no Estado, mais de 50% estão vinculados ao óleo diesel. “Então temos, da porteira para fora, toda uma movimentação de transporte dos nossos produtos”, destaca o comunicado, ao frisar que, conforme a ANP (Agência Nacional do Petróleo), 29% do preço do combustível é resultado de impostos federais e estaduais.

“Então, a redução desses tributos também poderia minimizar os impactos negativos dessas altas internacionais”, complementa a entidade, apoiando a revisão na metodologia para precificação do diesel –nesta noite, a Petrobras anunciou a redução em 10% do preço do diesel por 15 dias.

Da mesma forma, a Faems (Federação das Associações Empresariais de Mato Grosso do Sul) manifestou apoio à greve dos caminhoneiros.

“A Federação compreende que a alta tributação do diesel afeta diretamente os caminhoneiros, impactando no comércio e em toda população. Nossa meta é o desenvolvimento econômico por meio de um comércio forte, respeitando todos os setores que atuam em conjunto para este trabalho contínuo”, destacou a entidade, em nota.

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