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Economia

MS se livra dos Estados Unidos, mas setor da carne está na mira da China

Governo chinês disse que terá um conjunto de medidas para orientar a entrada da carne brasileira no país

Por Izabela Cavalcanti | 21/11/2025 11:38
MS se livra dos Estados Unidos, mas setor da carne está na mira da China
Balcão refrigerado em açougue, com cortes de carne bovina (Foto: Raíssa Rojas)

A retirada da tarifa adicional de 40% dos Estados Unidos sobre a carne bovina devolve para Mato Grosso do Sul a competitividade e a previsibilidade do setor. Mas, por outro lado, segundo o Sicadems (Sindicato das Indústrias de Frios, Carnes e Derivados de Mato Grosso do Sul), o medo agora é o endurecimento nas regras comerciais da China, maior comprador de produtos do Estado.

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A retirada da tarifa adicional de 40% dos Estados Unidos sobre a carne bovina brasileira representa um alívio para Mato Grosso do Sul, segundo o Sicadems. No entanto, o setor demonstra preocupação com possíveis restrições comerciais da China, principal compradora dos produtos do estado.O governo chinês planeja implementar medidas mais rigorosas para a importação de carne brasileira a partir de 26 de novembro, incluindo controles alfandegários mais frequentes e estabelecimento de quotas. Mato Grosso do Sul tem os EUA como segundo maior parceiro comercial, com exposição de aproximadamente US$ 700 milhões anuais na balança comercial.

O anúncio feito pelos Estados Unidos na quinta-feira (20) envolve mais de 200 itens, incluindo também café, açaí, cacau, banana, tomate, coco, castanha de caju, mate, especiarias como pimenta, canela, baunilha, cravo e noz-moscada, entre outros.

“Foi muito importante a retirada dessa taxa nos produtos da carne bovina brasileira, especialmente aqui no nosso Estado, mas é muito prematuro para nós termos ainda uma análise do que vai acontecer no próximo momento. A China está querendo também taxar os produtos brasileiros e colocar cota, então o mercado hoje está muito quieto, muito amedrontado, porque a China hoje é o nosso maior comprador”, pontuou o presidente do sindicato, Régis Comarella.

O governo chinês comunicou que terá um conjunto de medidas para orientar a entrada da carne brasileira no país após a implementação da Salvaguarda, que será anunciada no dia 26 de novembro.

Estão previstas quatro mudanças: controles alfandegários mais rigorosos e frequentes; estabelecimento de quotas para todos os bens importados; suspensão da autorização de mais instalações exportadoras; e restrição severa ao crédito para importadores.

“É muito importante, nesse momento, ter muita cautela, esperar a semana que vem o que vai acontecer, se a China realmente vai tomar essas atitudes ou não. Aí sim, a gente pode falar, se ela não tomar, o que vai acontecer com o mercado, mas o momento ainda é de observação, de calma, para a gente ver o que acontece na próxima semana”, completou Comarella.

EUA – Para o titular da Semadesc (Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), Jaime Verruck, a retirada vai devolver a competitividade para Mato Grosso do Sul.

“Os EUA são o 2º maior parceiro comercial do MS. O Estado tem uma exposição de cerca de 7% da balança comercial, algo em torno de US$ 700 milhões ao ano. A questão da celulose já estava resolvida, faltava recompor o mercado americano para a carne bovina, algo essencial para manter a competitividade e a previsibilidade do setor no estado”, disse.

A medida vale para produtos que entraram nos EUA a partir de 13 de novembro, data da reunião entre o ministro Mauro Vieira e o secretário Marco Rubio, que discutiram as taxas.

Antes disso, no dia 6 de outubro, começaram as negociações por telefone entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Em julho, a tensão começou com Donald Trump anunciando um tarifaço global contra diversos países, incluindo o Brasil, com uma taxa de 10%, além de sobretaxas que, no caso brasileiro, elevaram o peso total para 50% (10% da tarifa recíproca, somado a 40% adicionais).

Depois, no mesmo mês, Trump voltou atrás e poupou quase 700 itens da sobretaxa, entre eles celulose, ferro gusa, aeronaves e insumos energéticos, mas manteve o da carne.

“A maioria dos produtos da pauta exportadora do MS já havia tido a tarifação reduzida anteriormente. Mas permanecia uma preocupação central: a carne bovina, que junto com a celulose forma o núcleo das exportações sul-mato-grossenses para os EUA”, lembrou Verruck.

Exportação -  De acordo com dados do Boletim de Comércio Exterior de janeiro a outubro, em Mato Grosso do Sul, a celulose permanece como principal produto da pauta exportadora, respondendo por 29,34% do total exportado e alcançando 5,8 milhões de toneladas no período. O valor total movimentado foi US$ 2.665.587.427

Em seguida está a soja com participação de 24,51%, sendo US$ 2.226.375.621 e 5.601.384 de toneladas. Em terceiro está a carne bovina, com participação de 16,36%, sendo US$ 1.485.995.826 e 272.892 de toneladas.

A China é o principal destino de exportação de Mato Grosso do Sul, totalizando US$ 4.142.859.097,00 e 8.457.719 toneladas no período. Em segundo lugar estão os Estados Unidos, com US$ 448.220.801,00 e 505.322 toneladas.

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