MS se livra dos Estados Unidos, mas setor da carne está na mira da China
Governo chinês disse que terá um conjunto de medidas para orientar a entrada da carne brasileira no país
A retirada da tarifa adicional de 40% dos Estados Unidos sobre a carne bovina devolve para Mato Grosso do Sul a competitividade e a previsibilidade do setor. Mas, por outro lado, segundo o Sicadems (Sindicato das Indústrias de Frios, Carnes e Derivados de Mato Grosso do Sul), o medo agora é o endurecimento nas regras comerciais da China, maior comprador de produtos do Estado.
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O anúncio feito pelos Estados Unidos na quinta-feira (20) envolve mais de 200 itens, incluindo também café, açaí, cacau, banana, tomate, coco, castanha de caju, mate, especiarias como pimenta, canela, baunilha, cravo e noz-moscada, entre outros.
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“Foi muito importante a retirada dessa taxa nos produtos da carne bovina brasileira, especialmente aqui no nosso Estado, mas é muito prematuro para nós termos ainda uma análise do que vai acontecer no próximo momento. A China está querendo também taxar os produtos brasileiros e colocar cota, então o mercado hoje está muito quieto, muito amedrontado, porque a China hoje é o nosso maior comprador”, pontuou o presidente do sindicato, Régis Comarella.
O governo chinês comunicou que terá um conjunto de medidas para orientar a entrada da carne brasileira no país após a implementação da Salvaguarda, que será anunciada no dia 26 de novembro.
Estão previstas quatro mudanças: controles alfandegários mais rigorosos e frequentes; estabelecimento de quotas para todos os bens importados; suspensão da autorização de mais instalações exportadoras; e restrição severa ao crédito para importadores.
“É muito importante, nesse momento, ter muita cautela, esperar a semana que vem o que vai acontecer, se a China realmente vai tomar essas atitudes ou não. Aí sim, a gente pode falar, se ela não tomar, o que vai acontecer com o mercado, mas o momento ainda é de observação, de calma, para a gente ver o que acontece na próxima semana”, completou Comarella.
EUA – Para o titular da Semadesc (Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), Jaime Verruck, a retirada vai devolver a competitividade para Mato Grosso do Sul.
“Os EUA são o 2º maior parceiro comercial do MS. O Estado tem uma exposição de cerca de 7% da balança comercial, algo em torno de US$ 700 milhões ao ano. A questão da celulose já estava resolvida, faltava recompor o mercado americano para a carne bovina, algo essencial para manter a competitividade e a previsibilidade do setor no estado”, disse.
A medida vale para produtos que entraram nos EUA a partir de 13 de novembro, data da reunião entre o ministro Mauro Vieira e o secretário Marco Rubio, que discutiram as taxas.
Antes disso, no dia 6 de outubro, começaram as negociações por telefone entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Em julho, a tensão começou com Donald Trump anunciando um tarifaço global contra diversos países, incluindo o Brasil, com uma taxa de 10%, além de sobretaxas que, no caso brasileiro, elevaram o peso total para 50% (10% da tarifa recíproca, somado a 40% adicionais).
Depois, no mesmo mês, Trump voltou atrás e poupou quase 700 itens da sobretaxa, entre eles celulose, ferro gusa, aeronaves e insumos energéticos, mas manteve o da carne.
“A maioria dos produtos da pauta exportadora do MS já havia tido a tarifação reduzida anteriormente. Mas permanecia uma preocupação central: a carne bovina, que junto com a celulose forma o núcleo das exportações sul-mato-grossenses para os EUA”, lembrou Verruck.
Exportação - De acordo com dados do Boletim de Comércio Exterior de janeiro a outubro, em Mato Grosso do Sul, a celulose permanece como principal produto da pauta exportadora, respondendo por 29,34% do total exportado e alcançando 5,8 milhões de toneladas no período. O valor total movimentado foi US$ 2.665.587.427
Em seguida está a soja com participação de 24,51%, sendo US$ 2.226.375.621 e 5.601.384 de toneladas. Em terceiro está a carne bovina, com participação de 16,36%, sendo US$ 1.485.995.826 e 272.892 de toneladas.
A China é o principal destino de exportação de Mato Grosso do Sul, totalizando US$ 4.142.859.097,00 e 8.457.719 toneladas no período. Em segundo lugar estão os Estados Unidos, com US$ 448.220.801,00 e 505.322 toneladas.
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