Diálogo entre Lula e Trump pode beneficiar produtores e exportadores de MS
Reaproximação distensiona relação Brasil-Estados Unidos e pode resultar na redução da tarifa sobre a carne

A conversa entre os presidentes do Brasil e dos Estados Unidos, realizada por telefone nesta segunda-feira (6), representa um avanço importante no diálogo bilateral podendo surtir efeitos positivos sobre as exportações de Mato Grosso do Sul. A avaliação é do senador Nelsinho Trad (PSD-MS), presidente da CTEUA (Comissão Temporária Externa sobre as Sobretaxas dos Estados Unidos), criada no Senado Federal para tratar do chamado “tarifaço” imposto pelos EUA.
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Desde julho de 2025, o presidente norte-americano, Donald Trump impôs uma tarifa adicional de 50% sobre a maioria das importações brasileiras.
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O entendimento é de que os sinais de avanço nas negociações entre os dois países podem ter impacto direto na economia de Mato Grosso do Sul, que se destaca nas exportações de celulose, carne bovina (um dos principais produtos enviados aos EUA), soja e milho. Ou seja, qualquer progresso nas negociações com os norte-americanos pode ampliar a competitividade do setor produtivo sul-mato-grossense, que vem enfrentando barreiras tarifárias.

O senador lembrou que, recentemente, emissários da Comissão de Relações Exteriores do Senado norte-americano, formados por republicanos e democratas, estiveram em Brasília, onde reforçaram a necessidade de manter canais institucionais diretos e defenderam a continuidade do diálogo entre os Parlamentos.
“Agora, temos que seguir trabalhando para transformar esse movimento, validado por ambos os lados, em ações que realmente beneficiem quem produz, gera empregos e representa o Brasil no cenário internacional”, afirmou Trad.
Após a conversa de 30 minutos, o vice-presidente e ministro do MDIC (Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), Geraldo Alckmin, classificou o diálogo entre os dois presidentes como “extremamente positivo” e destacou que Trump “reiterou a boa química” que teve com Lula durante o recente encontro na Assembleia-Geral das ONU (Nações Unidas).
Apesar disso, Trump designou o secretário de Estado, Marco Rubio, como interlocutor para os próximos passos nas negociações com o Brasil. Rubio, porém, tem feito críticas à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo STF (Supremo Tribunal Federal), referindo-se ao julgamento como uma “caça às bruxas”.
“Mas foi uma conversa muito boa, melhor do que esperávamos. O presidente Lula destacou a disposição do Brasil para o diálogo e para a negociação. São 201 anos de amizade entre Brasil e Estados Unidos”, ressaltou Alckmin.

Indústria - A conversa entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, também trouxe uma injeção de ânimo ao setor industrial. Levantamento da CNI (Confederação Nacional da Indústria), divulgado logo após o contato, mostra que as negociações podem abrir espaço para isentar cerca de US$ 7,8 bilhões em exportações brasileiras destinadas aos EUA.
A análise da CNI considerou um possível acordo envolvendo os 1.908 produtos listados na Ordem Executiva de 5 de setembro, que trata de tarifas recíprocas e setoriais.
Para o presidente da CNI, Ricardo Alban, trata-se de um avanço concreto na retomada das negociações, reforçando o respeito mútuo e a parceria histórica entre os dois países.
“Para a indústria, esse avanço nas tratativas é muito relevante. Desde o início, defendemos o diálogo, pautado pelo respeito e pela importância dessa parceria bicentenária. Vamos acompanhar e contribuir com o que for possível”, afirmou Alban. “O que está em jogo não é um ganho extra para o Brasil, mas a recuperação de espaço comercial.”
Em setembro, a CNI liderou uma missão empresarial a Washington, com cerca de 130 empresários, para sensibilizar contrapartes americanas sobre os efeitos do tarifaço e a necessidade de abrir canais oficiais de negociação.