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Economia

Exportações de MS ganham novo mercado com acordo entre Mercosul e bloco europeu

Setor produtivo do Estado prevê expansão em carne, celulose, soja e etanol com pacto europeu

Por Viviane Monteiro, de Brasília | 17/09/2025 08:44
Exportações de MS ganham novo mercado com acordo entre Mercosul e bloco europeu
Cerimônia de assinatura do Acordo de Livre Comércio MERCOSUL-EFTA (Júlio César Silva/MDIC )

Depois das perdas com o tarifaço dos Estados Unidos, o setor exportador celebra nesta terça-feira (16) a assinatura do Acordo de Livre Comércio entre o Mercosul e a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA), bloco que reúne Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein – após 10 anos de negociação.

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O acordo de livre comércio entre Mercosul e a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA) foi assinado após 10 anos de negociação, beneficiando diretamente as exportações de Mato Grosso do Sul. O tratado prevê a eliminação de tarifas em quase todas as linhas comerciais, garantindo acesso imediato de 99% das exportações brasileiras aos mercados da EFTA. Com um PIB de US$ 1,4 trilhão, o bloco europeu representa uma importante alternativa para produtos estratégicos sul-mato-grossenses, como carne, soja, celulose e etanol. No primeiro semestre, o estado exportou US$ 5,3 bilhões, valores que tendem a crescer com as novas oportunidades comerciais estabelecidas pelo acordo.

Para especialistas da área econômica, o acordo representa uma janela de oportunidades para produtos estratégicos de Mato Grosso do Sul, como carne, soja, celulose e etanol. Aproximadamente 99% das exportações brasileiras – agrícolas e industriais – terão acesso imediato em livre comércio aos mercados da EFTA, assim que o tratado entrar em vigor.

Ex-economista-chefe da Febraban e doutor em Economia pela USP, Roberto Troster avalia que a medida é extremamente positiva para o Brasil e, em especial, para Mato Grosso do Sul.

Um jogo de ganha-ganha

“O acordo prevê eliminação de tarifas em quase a totalidade das linhas comerciais entre os blocos. Isso aumentará muito o comércio, tanto o volume de importações como o de exportações”, afirma o professor da PUC-SP.

Segundo ele, o tratado melhora o acesso dos produtos brasileiros ao mercado europeu, permitindo diversificação em meio à retração do mercado norte-americano. “Também é um estímulo à produção com mais valor agregado, porque a União Europeia impõe padrões elevados e isso obriga alguns ajustes aqui, especialmente em Mato Grosso do Sul. Além disso, baixará custos de importação. Isso significa mais bem-estar.”

No primeiro semestre, Mato Grosso do Sul exportou US$ 5,3 bilhões, principalmente em celulose e soja. Para Troster, o Estado deve ampliar retornos nessas commodities e, ao mesmo tempo, estimular outros negócios, como o crescimento do fluxo hidroviário pelo Rio Paraguai, diante da diversificação da pauta exportadora e da expectativa de novos investimentos. “Esse acordo representa um ganha-ganha para o Brasil, um ganha-ganha para o Mercosul e um ganha-ganha para a União Europeia.”

Para o senador Nelsinho Trad (PSD-MS), o contrato é de extrema relevância para o setor do agronegócio brasileiro, incluindo Mato Grosso do Sul, em decorrência da redução de tarifas de exportação. “Cito álcool, etanol, celulose, soja, milho, carnes... muito importante para Mato Grosso do Sul. Vamos brindar porque esse é um avanço significativo para aquele produtor que precisa do comércio exterior para alavancar os seus negócios.”

Peso econômico do bloco europeu

Com Produto Interno Bruto de US$ 1,4 trilhão e 14,3 milhões de habitantes, a EFTA ocupa a quarta posição global como origem de investimentos estrangeiros diretos, reforçando seu papel como mercado prioritário para ampliar a integração internacional do Brasil, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Em 2024, o bloco se tornou o segundo maior destino das exportações brasileiras na Europa, ultrapassando o Reino Unido. Para a CNI, esse acordo traz novas oportunidades para aumentar os investimentos e a presença “dos nossos produtos no comércio internacional, sobretudo porque oferece melhores condições de acesso a mercados relevantes e com grande poder de consumo.”

De acordo com a entidade, a corrente de comércio entre Brasil e EFTA cresceu 36,7% na última década. Em 2023, os investimentos bilaterais bateram recorde: US$ 46,2 bilhões da EFTA no Brasil e US$ 11,7 bilhões do Brasil na EFTA.

Entre os benefícios previstos estão a eliminação de tarifas de importação para a indústria, regras de certificação de origem mais flexíveis, redução de barreiras técnicas e proteção de propriedade intelectual, incluindo indicações geográficas. Conforme a CNI, o capítulo 2 do Acordo Mercosul-EFTA estabelece um compromisso abrangente de liberalização tarifária no comércio de bens. Para o Brasil, isso significa que cerca de 99% das exportações agrícolas e industriais terão livre acesso aos mercados europeus do bloco, reforça a entidade.