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Economia

Apoio federal e mercado interno salvaram tilápia no 1º mês de tarifaço

Vendas externas recuaram 21,6% em agosto e setor busca alternativas, mas enfrenta barreiras sanitárias

Por Ketlen Gomes | 15/09/2025 08:24
Apoio federal e mercado interno salvaram tilápia no 1º mês de tarifaço
Homem alimentando tilápias em tanque no Estado, um dos maiores exportadores do peixe. (Foto: Divulgação/Semadesc)

As tarifas adicionais impostas pelo governo dos Estados Unidos a produtos brasileiros, em vigor desde 6 de agosto, já provocaram mudanças no setor de peixes de Mato Grosso do Sul. A principal consequência foi o redirecionamento da venda de tilápia, peixe mais exportado para o mercado norte-americano, para o consumo interno, além da suspensão da produção voltada à exportação.

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Tarifas americanas sobre produtos brasileiros impactam exportação de tilápia de Mato Grosso do Sul. Produtores redirecionam pescado para mercado interno após medidas impostas em agosto. Exportações para os EUA caíram 21,6% em agosto em relação a julho, somando US$ 678,5 mil. Programas federais como o PNAE ajudam a absorver parte da produção. Setor busca novos mercados na Ásia e Europa, mas adaptações sanitárias são necessárias. Especialistas acreditam que diversificar clientes é crucial para reduzir a dependência do mercado americano, mas resultados levam tempo. Mato Grosso do Sul, grande exportador de tilápia, teve receita de US$ 1,72 milhão em 2024, com os EUA como principal comprador.

Segundo a professora Christiane M. Pitaluga, da Esan (Escola de Administração e Negócios) da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), o impacto na tilápia segue a mesma lógica de outros produtos tarifados, como a carne bovina. “Essa produção foi suspensa, interrompida. Não se fala ainda em demissão no setor, haja vista que algumas empresas de alimentos já estão redirecionando esse produto para o mercado interno”, explicou.

Hoje, entre quatro e cinco empresas de alimentos localizadas no sul do Estado exportam tilápia para os EUA, utilizando tanques aterrados e tanques-rede, principalmente na divisa com São Paulo. O processo de exportação exige cuidados rigorosos, como o momento exato de retirada do peixe, embalagens adequadas e transporte aéreo, fatores que elevam os custos.

Christiane destacou que políticas públicas federais, como o PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar), ajudaram a reduzir o impacto. O programa permite que escolas adquiram itens tarifados, como a tilápia, sem necessidade de licitação, garantindo o escoamento da produção.

Mesmo assim, a preocupação no setor é grande. O governo federal busca novos mercados, como o asiático e o europeu, mas cada país exige adaptações sanitárias específicas. “Embora os Estados Unidos sejam rigorosos, as regras variam de país para país. É preciso adequar-se às exigências de cada vigilância sanitária”, pontuou a professora.

Apoio federal e mercado interno salvaram tilápia no 1º mês de tarifaço
Criação de peixes em Mato Grosso do Sul, no sistema tanque-rede. (Foto: Divulgação/Semadesc)

Dados do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) mostram que em agosto as exportações de filés e outras carnes de peixes congelados, frescos ou refrigerados somaram US$ 678,5 mil, com todo o volume destinado aos EUA. O resultado representa retração de 21,6% em relação a julho, quando foram exportados US$ 865,4 mil. Na comparação com agosto de 2024, entretanto, houve aumento de 396%, já que naquele mês o valor exportado foi de apenas US$ 136,7 mil.

Para o professor Odirlei Fernando Dal Moro, também da Esan/UFMS, é improvável que o setor consiga repor rapidamente as perdas do mercado norte-americano. “É importante diversificar clientes e buscar o mercado asiático, que tem sido uma grande alternativa. No entanto, os resultados não ocorrem em curto prazo. Possivelmente, com esse tipo de medida, o Brasil vai diminuir a vulnerabilidade externa no que diz respeito às exportações para os Estados Unidos”, avaliou.

Mato Grosso do Sul é um dos maiores exportadores de tilápia do Brasil. Em 2024, foram 438,9 toneladas exportadas pelo Estado, o que gerou uma receita de US$ 1,72 milhão. Os Estados Unidos são o principal comprador.

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