Sem poupar carnes, tarifaço entra em vigor e desafia exportações de MS
Taxação impacta bovinos e itens vitais; governo estadual mira mercados asiáticos
O tarifaço imposto pelo presidente norte-americano ao Brasil entrou em vigor nesta quarta-feira (6). Embora o adiamento da sanção, inicialmente previsto para 1º de agosto, tenha dado mais alguns dias de respiro aos exportadores de Mato Grosso do Sul, a medida vai afetar diretamente produtos como carne bovina in natura, sebo bovino, carnes salgadas, carnes desossadas, óleos de origem animal e filés de tilápia.
RESUMO
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O aumento das tarifas impostas pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros, em vigor desde quarta-feira (6), afeta diretamente as exportações de Mato Grosso do Sul. A carne bovina, principal produto exportado pelo estado ao mercado americano, está sujeita a uma alíquota de 50%, representando 45,2% das exportações locais. Outros produtos impactados incluem sebo bovino, carnes salgadas e filés de tilápia. Em resposta, o governador Eduardo Riedel anunciou missão internacional à Ásia em busca de novos mercados, com visitas programadas à Índia, Japão e Singapura, onde se reunirá com importantes representantes industriais e governamentais.
No Estado, o impacto negativo da supertaxa recaiu sobre a carne bovina, principal produto sul-mato-grossense exportado ao mercado americano. O item ficou de fora da lista de isenções e segue sujeito à alíquota de 50%.
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Sozinha, a carne representa 45,2% das exportações feitas pelo Estado aos Estados Unidos. Além dela, outros produtos com peso na pauta exportadora também foram atingidos pela nova tarifa. É o caso do sebo bovino, responsável por 9,4% das vendas ao país, e das carnes salgadas (2,5%).
Também foram afetados os filés de tilápia, os óleos de origem animal e as carnes desossadas, cada um com participação superior a 1% no total exportado neste ano.
Por outro lado, dois itens relevantes para a economia sul-mato-grossense ficaram de fora da lista: a celulose e o ferrogusa, que juntos representam mais de 36% de tudo que o Estado vendeu aos norte-americanos em 2025. Os dados são da Fiems (Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul).
De janeiro a junho deste ano, Mato Grosso do Sul exportou US$ 315 milhões para os Estados Unidos. Desse total, US$ 74,8 milhões correspondem às pastas químicas de madeira, utilizadas na fabricação de papel e produzidas pelas fábricas de celulose da Suzano, Eldorado e Arauco, já instaladas ou em processo de instalação no Estado. O volume exportado foi de 154.950 toneladas, o que representa 23,7% de tudo o que MS vendeu aos norte-americanos no primeiro semestre.
Já o ferro fundido bruto, ou ferrogusa, teve exportações de US$ 40,5 milhões no semestre, o equivalente a 12,9% do total enviado para os EUA pelo Estado.
Novos mercados - A entrada em vigor da tarifa sobre produtos brasileiros levou o governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB), a anunciar uma missão internacional em busca de novos mercados na Ásia.
A primeira parada da comitiva será Mumbai, na Índia, onde Riedel deve se reunir com representantes de empresas como a ACG, do setor farmacêutico, a UPL Fertilizantes e grandes conglomerados industriais como o Tata Group, Aditya Birla (especializado em alimentos) e Mahindra, fabricante de máquinas agrícolas. Também está prevista uma audiência com o governador do Estado de Maharashtra.
No Japão, a delegação sul-mato-grossense participará de atividades relacionadas à Expo Osaka 2025 e terá encontros com importantes representantes da indústria japonesa, entre eles a Keidanren (Confederação Nacional da Indústria) e os grupos Sumitomo e Mitsui, que já possuem histórico de investimentos no agronegócio brasileiro.
A última etapa da missão será em Singapura. Lá, Riedel se encontrará com o ministro do Comércio, Alvin Tan, e visitará instituições como a RGE, holding que controla a Bracell (empresa com operações em Mato Grosso do Sul), além da MTAS (Associação dos Importadores de Proteína Animal) e os fundos soberanos Temasek e GIC. Também estão previstas reuniões com representantes da Enterprise Singapore, agência oficial de promoção de exportações do país.
Riedel integra a comitiva brasileira ao lado de representantes dos governos do Rio de Janeiro e de Minas Gerais. Entre eles estão Fernanda Curdi, secretária de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços do Rio de Janeiro, e membros da Codemge (Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais).
A delegação conta ainda com cerca de 80 empresários brasileiros interessados em ampliar negócios com o setor produtivo indiano e outros mercados asiáticos. Entre os participantes estão executivos de grandes empresas como Márcio Monteiro (vice-presidente da Embraer Defesa e Segurança), Mário Raulino (diretor da Vale na Ásia), Rafael Tello (vice-presidente de Sustentabilidade da Ambipar), César Chicayban (CEO da XP Private Banking) e Roberto Rodrigues (embaixador da FAO para o Cooperativismo).