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Esportes

Abandonados, campos espantam desportistas e atraem marginais

Thiago de Souza | 30/09/2015 15:05
Vestiário do campo no Estrela do Sul corre risco de desabar. (Foto: Gerson Walber)
Vestiário do campo no Estrela do Sul corre risco de desabar. (Foto: Gerson Walber)

Praticar esportes em campos de futebol da prefeitura municipal nos bairros de Campo Grande tem sido um desafio e tanto. As estruturas estão abandonadas e são alvos de vandalismo. Em muitos deles não há qualquer tipo de iluminação, o que restringe as atividades noturnas e atrai marginais. Segundo os moradores, quem entra em campo mesmo é a violência.

Conforme apurado pelo Campo Grande News, a cidade possui cerca de 100 campos de futebol, mas nem todos estão aptos à prática esportiva. No Bairro Estrela do Sul, por exemplo, o campo em si é aproveitável, com grama baixa e marcação das linhas, mas a estrutura ao redor afugenta quem quer levar uma vida saudável. O local onde seria o vestiário tem vidros e janelas quebradas e o cheiro de urina é insuportável.

Parte dos alambrados estão caídos, além do lixo e mato ao redor. Mas o que preocupa mesmo é a situação do madeiramento que sustenta o telhado. A madeira está podre e envergada, o que traz risco de desabamento sobre os visitantes. Procurado pela reportagem, o assessor técnico da Funesp (Fundação Municipal de Esportes) Paulo Sérgio Telles não retornou as ligações.

Perto dali, na Rua Palmirais, no Taquaral Bosque, região norte da cidade a situação é a mesma. O campo é ruim e desnivelado. A fiação foi danificada assim como o disjuntor, e por isso não há luz. Segundo os moradores esta situação atrai marginais para o local. “Futebol mesmo é pouco. Uma amiga já foi roubada duas vezes ao passar perto do campo. Meus filhos não podem jogar bola. Você paga o IPTU pra ter isso em frente a sua casa?”, questiona a dona de casa Maria José dos Reis, de 52 anos.

Campo no Estrela Dalva está tomado pelo lixo e foi alvo de vândalos. (Foto: Gerson Walber)
Campo no Estrela Dalva está tomado pelo lixo e foi alvo de vândalos. (Foto: Gerson Walber)

Vizinhos mais antigos do Bairro Estrela D'alva, que moram em frente ao campo, sentem saudade de um tempo em que se praticava esportes e havia manutenção dos locais. É o caso de Venceslau Paiva, 87 anos. “Vinha gente de fora jogar aqui. Faziam quadrangular. No começo era bom, mas agora relaxaram”, relatou o aposentado. O filho dele, Paulo Paiva, 45, acrescenta que o campo não é revitalizado há muito tempo, “e que o pessoal da Solurb apenas apara o mato”. Pai e filho reclamam de um local onde não há iluminação, os bancos estão pichados, traves caindo e sem redes.

O auxiliar de pintor Juarez Ferreira de Lima, 48 anos, mora no Bairro Taquarussu desde 1978. Ele se recorda que, no campo, que fica na rua Diadema, tinha até arquibancada no final da década de 70. Segundo o morador, sempre há pessoas jogando bola, mesmo diante das dificuldades. “A turma vem brincar aí, tem até o torneio dos veteranos” relatou Lima. Assim como em outros campos, a iluminação também é ponto fraco, que inviabiliza jogos de futebol e dão guarita a marginais e usuários de drogas. Sobre o gramado, Juarez foi enfático. “Irrigação, só quando Jesus manda”, reclamou.

O diretor de Esportes do Bairro Taquarussu Marcos Paulo Vieira Santana, o Zé do Gato, disse que na gestão dele o campo foi revitalizado com a ajuda da Funesp. “Fizemos mutirão com os meminos para reparar os defeitos”, contou Zé Gato. Disse que o poder público não olha para para a comunidade e reclamou que alguns campos recebem uma boa manutenção devido a cobrança de vereadores, já outros lugares não. Lembrou também que para evitar vandalismo, são necessários projetos sociais e um maior envolvimento da comunidade para a manutenção da estrutura.

Ainda no Taquarussu, nossa equipe se deparou com um grupo de cinco garotos, com idade entre sete e 12 anos jogando futebol no canto do gramado, e as reclamações vieram de bate pronto. “Tá faltando tudo. Não tem trave e metade do campo não tem luz” reclamaram dois deles, quando questionados sobre as condições do local.

De acordo com informações obtidas dentro da Funesp não há um esquema regular de manutenção e revitalização dos campos.

Os artilheiros não têm vez no campo do Bairro Taquarussu. (Foto: Gerson Walber)
Os artilheiros não têm vez no campo do Bairro Taquarussu. (Foto: Gerson Walber)

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