Visite o Hotel Campo Grande dos bons tempos, com cama redonda e espelhos
Com a ideia de transformar o hotel em moradia, fotógrafo Roberto Higa selecionou algumas fotos feitas na década de 70
Na esteira da ideia da Prefeitura de Campo Grande em transformar os 13 andares do Hotel Campo Grande, um dos mais luxuosos hotéis de Mato Grosso do Sul, na década de 70, em moradia para pessoas de baixa renda, o que não faltou nesta semana foram lembranças sobre o prédio. Algumas fotografias da recepção e do bar quando o hotel funcionava são velhas conhecidas, mas o fotógrafo Roberto Higa resolveu compartilhar novos detalhes encontrados no seu acervo.
Nas fotografias estão detalhes das suítes e um dos 82 apartamentos do prédio que já receberam inúmeros artistas, como Roberto Carlos, Xuxa, Pelé, Altemar Dutra, Menudos e até os meninos do Mamonas Assassinas. Higa, inclusive, selecionou a foto do ator brasileiro Fúlvio Stefanini segurando um dos chaveiros do hotel, do quarto 403.
Higa também publicou uma foto que mostram os funcionários e o almoço em pleno sábado que, além da tradicional feijoada, servia torre de camarão. “Naquele tempo um lugar que servisse camarão em pleno sábado era digno de requinte”, lembra o fotógrafo.
Um dos quartos, que mais parece arquitetura de motel atual, tinha cama redonda, paredes espelhadas e poltronas de ferro. As cortinas combinavam com o lençol da cama redonda. “Imagina o que deveria acontecer naquelas camas redondas e macias de vime”, comenta o fotógrafo. “Acho que muito sul-mato-grossense foi feito ali”, brinca.
O hotel estava sempre cheio, lembra Higa, e sábado era dia de movimento com a feijoada e música ao vivo no restaurante. Das janelas dos quartos ele também traz lembranças. “Ali do lado surgiu uma plantação de maconha com 3 metros de altura, ninguém sabe se o pessoal fumava na janela e deixava cair alguma coisa. Só sei que um dia perceberam aquela árvore e denunciaram à Polícia Civil que foi lá e cortou o pé de maconha, visto das janelas do prédio”, recorda.
Quando Higa foi convidado pela família que administrava o hotel para fotografar os ambientes, ficou emocionado. “Lembro que me senti envaidecido por ter sido escolhido, ainda nos 70. Até o cheiro era diferente e tinha um glamour entrar num espaço refrigerado, o que não era comum na época por aqui”.
A história do hotel começou com o pecuarista Laucídio Martins Coelho, de família tradicional que lucrava horrores com a pecuária e foi o maior investidor no edifício. No contrato que completou neste ano cinco décadas, assinaram 13 sócios entre pai, esposa, filhos e genros que entraram com cotas para serem os donos do que se tornaria o maior estabelecimento do setor da cidade, durante décadas.
Em 1969, antes da construção, uma consultoria foi contratada para avaliar o investimento. O conselho foi para abertura em São Paulo, mas isso não convenceu Laucídio, que fincou pé em Campo Grande.
O escritório Botti & Rubin, dos arquitetos Alberto Rubens Botti e Marc Bores Rubin, assinou o projeto, e a cidade parou para acompanhar a abertura em 1971.
A área construída do hotel era de 8.156,10 m² com 82 apartamentos e quatro suítes. Um terreno quase quadrado, com subsolo para garage, andar térreo para a agência bancária da família e acesso do hotel.
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