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Artes

Som dos bichos do Pantanal viraram álbum de jazz instrumental

Rãs, pássaros, cigarras, o som da água e até o esturro da onça vieram antes de qualquer nota ser produzida

Por Clayton Neves | 16/12/2025 07:07

Antes de qualquer nota ser produzida, quem deu o tom foram os bichos. Rãs, sapos, pássaros, cigarras, o som da água e até o esturro da onça vieram primeiro. A música veio depois. Foi assim que nasceu o álbum Pantanal Jam – Sons do Pantanal de Mato Grosso do Sul, um projeto que transformou a paisagem sonora viva do Pantanal em jazz contemporâneo, gravado integralmente no coração do bioma, longe de estúdios, cercado pela natureza e com direito a geradores a gasolina e biólogos de prontidão.

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O álbum "Pantanal Jam - Sons do Pantanal de Mato Grosso do Sul" transformou a paisagem sonora do bioma em jazz contemporâneo. O projeto, gravado integralmente no coração do Pantanal, utilizou sons naturais de rãs, sapos, pássaros, cigarras e onças como base para nove composições musicais. A produção, realizada pelo grupo instrumental Urbem em parceria com o trombonista Ryan Keberle, exigiu meses de captação sonora e foi gravada na Fazenda Caiman, com estúdio móvel e geradores. O álbum, que busca despertar a consciência sobre a preservação do Pantanal, foi lançado oficialmente em Nova York durante a Visit Brasil Gallery.

“O conceito do álbum foi ouvir profundamente a fauna pantaneira. Não foi a gente que começou e colocou bicho. Foram primeiro os bichos e depois a gente foi colocando os motivos musicais”, explica a cantora e instrumentista Bianca Bacha, integrante do grupo instrumental Urbem.

A ideia nasceu do ato de escutar. O baterista e produtor musical Sandro Moreno foi para o Pantanal munido de gravadores e passou meses captando sons em diferentes frequências. “Eu ficava gravando tudo, desde os graves das rãs e dos sapos até os passarinhos, cigarras, som de água e o esturro da onça. A gente reuniu um material sonoro muito grande”, detalha.

Som dos bichos do Pantanal viraram álbum de jazz instrumental
Projeto é interpretado pelo grupo instrumental Urbem. (Foto: Juliano Almeida)

Esse material virou a base de nove faixas, cada uma construída a partir de um motivo sonoro específico da fauna pantaneira. “Tem música que nasce do Pássaro Preto, outra da seriema, outra da onça, outra mais baseada nos sapos. A gente separou tudo, sempre pensando em diferenciar uma da outra a partir da fauna”, explica Bianca.

Para Sandro, o som do Pantanal não entrou como efeito ou trilha, mas como fator principal. “No Pantanal Jam, o som do Pantanal não é fundo. Ele é o centro da composição. A música foi feita em volta dele. Ele é a estrutura da nossa casa musical”, define.

O processo levou cerca de um ano. As gravações não seguiram um roteiro convencional. “Foi um processo longo até levantar essas nove músicas”, lembra Bianca.

Som dos bichos do Pantanal viraram álbum de jazz instrumental
Gabriel Basso é o baixista que assina a produção. (Foto: Juliano Almeida)
Som dos bichos do Pantanal viraram álbum de jazz instrumental
Ana Ferreira é a tecladista do Pantanal Jam. (Foto: Juliano Almeida)

Mas a etapa final não aconteceu em estúdio. A decisão foi gravar tudo dentro do Pantanal sul-mato-grossense, na Fazenda Caiman. “A gente precisava fazer esse projeto lá, porque fazia todo sentido estar imerso nesse universo. Nada do que você ouve nas plataformas digitais foi gravado em estúdio”, afirma Sandro.

O cenário exigiu estrutura improvisada. “Levamos estúdio móvel, três geradores a gasolina, quase atolamos carro. Era tudo muito raiz”, recorda. Em alguns momentos, a equipe precisou do apoio de biólogos e batedores. “Tinha risco de onça. A gente teve avistamento de duas onças a cerca de um quilômetro de onde gravamos uma das músicas”, revela.

As gravações ocorreram em uma área extremamente preservada, com cerca de 70 onças catalogadas. “A gente estava dentro do negócio. O ouvido se abre muito para o Pantanal. É uma coisa sonora muito poderosa”, diz Sandro.

Som dos bichos do Pantanal viraram álbum de jazz instrumental
Para Bianca Bacha, conceito do álbum foi ouvir profundamente a fauna pantaneira. (Foto: Juliano Almeida)

No Pantanal Jam, a natureza não é cenário, é personagem. “É como se o Pantanal fosse um elemento a mais da banda. Essa é a concepção”, resume Bianca. O álbum é instrumental, mas usa a voz como instrumento, sem palavras. “A intenção é imitar o canto dos pássaros. É uma música inesperada, disruptiva, transgressora”, avalia.

Para a artista, o projeto vai além da música, encontra a causa de despertar o olhar do outro para o Pantanal através da música.

“A música é um tiro certeiro no afeto da pessoa. Todo mundo que escuta quer conhecer, saber onde isso foi gravado. E aí entra a questão da preservação, que é o grande objetivo”, completa Sandro.

Som dos bichos do Pantanal viraram álbum de jazz instrumental
Baterista e produtor musical, Sandro já trabalhou com nomes como Ney Matogrosso, Almir Sater, Zé Ramalho e Tetê Espíndola. (Foto: Juliano Almeida)

O projeto é interpretado pelo grupo instrumental Urbem, formado por Gabriel Basso, Ana Ferreira, Bianca Bacha e Sandro Moreno, ao lado do trombonista nova-iorquino Ryan Keberle, um dos nomes mais importantes do jazz contemporâneo, com indicações ao Grammy e reconhecimento internacional.

O álbum foi lançado oficialmente em Nova York, durante a Visit Brasil Gallery, feira internacional de turismo, levando os sons do Pantanal para o mundo.

O projeto foi produzido por meio de uma parceria com a Fundtur (Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul.

 O álbum Pantnal Jam está disponível no Spotify (clique aqui e confira).

Confira a galeria de imagens:

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